Depois de uma semana sem trabalhos, devido à participação de parlamentares nas festas juninas do Nordeste e na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira ouvirá nesta semana o depoimento de nove convocados. Os depoentes são pessoas ligadas aos governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, e Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal.
Nesta terça-feira, está marcado o depoimento de Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor de Perillo. De acordo com informações prestadas anteriormente à CPMI, ele teria presenciado o pagamento referente à venda da casa do governador de Goiás.
Outro depoente da terça-feira é Écio Antônio Ribeiro, um dos sócios da empresa Mestra Administração e Participações. Localizada em um condomínio luxuoso de Goiânia, a casa foi registrada em um cartório em Trindade (GO) no nome dessa empresa.
Está marcado também para amanhã o depoimento de Alexandre Milhomen, arquiteto que trabalhou na reforma da casa e que teria recebido de Cachoeira e de sua mulher o pagamento de R$ 30 mil pelo serviço.
Nesta quarta-feira, estão marcados os depoimentos de Jayme Eduardo Rincón, ex-tesoureiro da campanha de Perillo, e de Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador. Rincón é suspeito de ter recebido R$ 600 mil do grupo de Cachoeira. Eliane é suspeita de repassar informações sobre operações policiais aos investigados pelas operações Monte Carlo e Vegas. Ela foi flagrada em conversas interceptadas pela Polícia Federal e seria uma das integrantes do grupo que recebeu de Cachoeira telefones celulares por meio de rádio habilitados em Miami (EUA). Na primeira vez em que foi convocada, Eliane não compareceu alegando problemas de saúde.
Também na quarta está marcado o depoimento de Luiz Carlos Bordoni. Radialista, ele disse, em uma entrevista, que recebeu dinheiro da empresa Alberto & Pantoja Construções, investigada como parte do esquema de Cachoeira. O dinheiro, de acordo com o radialista, referia-se ao pagamento de serviços prestados durante a campanha de Marconi Perillo ao governo de Goiás em 2010.
Bordoni também detalhou que parte do pagamento - R$ 45 mil - foi depositada na na conta de sua filha, Bruna Bordoni, que já trabalhou no gabinete do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A outra parte, de acordo com o radialista, foi paga pelo próprio Perillo. O governador negou, no entanto, ter feito esse pagamento.
Nesta quinta-feira, estão marcados depoimentos de pessoas ligadas a Agnelo, entre elas Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal. A expectativa é que ele compareça mas que não fale, já que conseguiu no Supremo Tribunal Federal habeas corpus garantindo o direito de ficar em silêncio. Monteiro é citado nas gravações feitas pela PF e suspeito de ligação com o grupo de Cachoeira.
Além de Monteiro, devem falar à CPMI na próxima quinta-feira o ex-assessor da Casa Militar do DF Marcello de Oliveira Lopes, conhecido como Marcelão, e o ex-subsecretário de Esportes do Distrito Federal, João Carlos Feitoza, conhecido como Zunga, suspeito de receber dinheiro do grupo de Cachoeira.