No parecer, o relator disse que o contraventor é um "verdadeiro anjo-da-guarda do senador". Segundo Costa, Cachoeira estava sempre trabalhando para proporcionar "comodidade", "conforto" e "bem-estar" ao parlamentar: deu um rádio Nextel para o parlamentar falar, com a conta paga, comprou presentes no valor de R$ 170 mil, entre eles uma mesa de jantar (US$ 18 mil), um aparelhagem de som (US$ 27 mil), cinco garrafas de vinho (US$ 15 mil) e um fogão e geladeira por ocasião do casamento do senador (US$ 25 mil).
Costa considerou ser "inacreditável" que Demóstenes não soubesse que o Cachoeira era contraventor. Pelas contas do relator, o senador e o contraventor encontraram-se 40 vezes e se falaram pelo telefone Nextel 97 vezes.
No texto, o relator citou o fato de o senador ter trocado 416 telefonemas em 316 dias com Cachoeira e integrantes do grupo do contraventor. Em outras 315 situações, seu nome foi citado por terceiros. "Acredito que a todos nós ocorreu o mesmo que se passou com o senador Randolfe Rodrigues: a constatação de que nem mesmo com as nossas famílias falamos tanto!".
Costa lembrou que, desde o primeiro dia da posse de Demóstenes, o parlamentar notabilizou-se por "cobrar a boa conduta de seus pares e de autoridades públicas". Mas, ressaltando que não fazia essa referência "por sarcasmo", disse que o Senado é soberano e não pode deixar que ele fique "maculado pelo descuido de membros à missão confiada".
"Ante todo o exposto, afirmo, sem tergiversar, que o senador Demóstenes Torres teve um comportamento incompatível com o decoro parlamentar: percebeu vantagens indevidas; praticou irregularidades graves no desempenho do mandato", afirmou Costa no texto. Após a leitura, os parlamentares vão discutir e votar o parecer.