O senador Humberto Costa (PT-PE) pediu há pouco, em sessão no Conselho de Ética, a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Num relatório de 79 páginas, o relator do processo disse que há provas "robustas" e manifestas" do envolvimento de Demóstenes com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Costa disse que há várias provas de que o senador usou o seu mandato para "influenciar as diversas esferas do poder em favor dos negócios do contraventor". O relator lembra que, desde o início do primeiro mandato do parlamentar, em 2003, ele já se mostrava interessado na legalização dos jogos de azar, área de interesse direto de Cachoeira.
Costa considerou ser "inacreditável" que Demóstenes não soubesse que o Cachoeira era contraventor. Pelas contas do relator, o senador e o contraventor encontraram-se 40 vezes e se falaram pelo telefone Nextel 97 vezes.
No texto, o relator citou o fato de o senador ter trocado 416 telefonemas em 316 dias com Cachoeira e integrantes do grupo do contraventor. Em outras 315 situações, seu nome foi citado por terceiros. "Acredito que a todos nós ocorreu o mesmo que se passou com o senador Randolfe Rodrigues: a constatação de que nem mesmo com as nossas famílias falamos tanto!".
Costa lembrou que, desde o primeiro dia da posse de Demóstenes, o parlamentar notabilizou-se por "cobrar a boa conduta de seus pares e de autoridades públicas". Mas, ressaltando que não fazia essa referência "por sarcasmo", disse que o Senado é soberano e não pode deixar que ele fique "maculado pelo descuido de membros à missão confiada".
"Ante todo o exposto, afirmo, sem tergiversar, que o senador Demóstenes Torres teve um comportamento incompatível com o decoro parlamentar: percebeu vantagens indevidas; praticou irregularidades graves no desempenho do mandato", afirmou Costa no texto. Após a leitura, os parlamentares vão discutir e votar o parecer.