Jornal Estado de Minas

Comissão da Verdade não vai convocar Dilma para depor

AgĂȘncia Brasil
A Comissão Nacional da Verdade não vai convocar a presidenta da República, Dilma Rousseff, para depor sobre as torturas que sofreu quando estava presa no período da ditadura militar. Na semana passada, documentos divulgados pelos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas, revelaram o depoimento prestado por Dilma em 2001, no qual ela descreve as sessões de tortura as quais foi submetida em 1972, em Juiz de Fora, Minas Gerais.
De acordo com o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Gilson Dipp, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tudo o que tem relação com a presidenta foi trazido do Conselho de Direitos Humanos de Minas (Conedh-MG), onde o depoimento estava arquivado. “Não tem mais do que aquilo. Ela já disse muita coisa naquele depoimento”.

No testemunho, Dilma revelou que chegou a ser agredida com socos no maxilar. “Minha arcada girou para outro lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu”.

Segundo as reportagens publicadas pelos jornais, do grupo Diários Associados, Dilma tinha 22 anos quando foi presa. Ela militava no Comando de Libertação Nacional (Colina), grupo considerado terrorista pelos militares, e usava codinomes como Estela, Stela, Vanda, Luíza, Mariza e Ana.

De acordo com o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, que também integra a comissão, seria uma “indelicadeza” convocar Dilma para depor. A advogada e membro do grupo Rosa Maria Cardoso da Cunha disse que a presidenta tem procurado se manter distante da comissão. “Ela tem entendido que é uma comissão de Estado e que devemos dar encaminhamento a casos que acharmos pertinente”.

Além de tratar do depoimento de Dilma, a Comissão Nacional da Verdade ouviu hoje (25) o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Cláudio Guerra. Os membros estão discutindo ainda a estruturação do grupo. Segundo Rosa Maria, haverá duas subcomissões – uma sobre pesquisa e documentação e outra sobre relações com o público (para audiências públicas e oitivas).