Numa das conversas, de 27 de fevereiro deste ano, o araponga Idalberto Matias, o Dadá, relata ao ex-diretor da empreiteira no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que interlocutores de Agnelo, entre eles o ex-servidor da Casa Militar Marcello Lopes, o Marcelão, lhe deram sinal verde para que a empresa entrasse no negócio.
Os dois também citam uma suposta interferência de assessores do vice-governador do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), em favor da Delta. Em outro telefonema, interceptado horas depois, Abreu diz ter recebido de pessoas ligadas ao peemedebista o mesmo aval.
A licitação para o serviço de ônibus foi lançada em 10 de março, mas o Tribunal de Contas do DF (TC-DF) a suspendeu em maio, alegando falhas no edital. A decisão foi tomada antes da abertura de propostas, o que, segundo a Secretaria de Transportes do DF, impossibilita saber quais empresas estavam no páreo.
Às vésperas da suposta reunião com Agnelo, Abreu foi ao Rio de Janeiro e acertou a participação do principal acionista da Delta Fernando Cavendish, e do diretor executivo da empreiteira, Cláudio Abreu, no encontro. No dia seguinte, a PF deflagrou a Operação Monte Carlo, a partir da qual os áudios obtidos pela PF escasseiam. Não fica claro, pelos grampos, se o encontro, de fato, ocorreu.
Questionado pelo Estado ontem, Agnelo negou ter negociado com a empresa ou se reunido com seus dirigentes. Sua assessoria, no entanto, não informou a agenda do governador naqueles dias. A Delta explicou que seus diretores “jamais, em tempo algum” estiveram reunidos com o petista.
Trama
Em nota, o governador do Distrito Federal alegou ter dado “provas documentais” à CPI do Cachoeira de que não houve aproximação ou favorecimento à empreiteira Delta ou ao grupo do contraventor Carlos Cachoeira. Agnelo argumentou que, ao contrário, gravações da PF nos primeiros dois meses deste ano mostram que Dadá, Abreu e Marcelão tramaram a derrubada do governador e se referem a ele com palavrões. Filippelli respondeu, por meio de sua assessoria, que não se manifestará sobre diálogos de terceiros, que citam seu nome “irresponsavelmente”.