O senador lembrou que muitas vezes já foi “lido e relido” no Plenário o texto constitucional que determina que as medidas provisórias têm de atender ao pressuposto de relevância e urgência. Apesar disso, assinalou, as MPs têm tratado de inúmeros temas, como o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior; a regulamentação da base de cálculo do PIS e do Cofins devidos pelos planos de saúde; e a concessão de autorização à União para doar alimentos a outros países.
- Vejam o absurdo, a discrepância e a absoluta falta de conexão entre todos eles e, em relação à maioria deles, há absoluta falta de relevância e urgência, aqui um pressuposto fundamental – reclamou, afirmando que o Senado estaria, ao aprovar matéria assim, abdicando de sua prerrogativa de legislar.
Na avaliação do senador Pedro Taques (PDT-MT), o PLV 13/2012 é inconstitucional por ferir o artigo 62 da Constituição que não permite o “contrabando” legislativo. Segundo o senador, a medida provisória aprovada pelo Senado veio “acompanhada de famigerados ‘contrabandos’ legislativos ou ‘caudas’ legais ou ‘rabos’ da lei”.
Acordo com o demônio
- Podemos fazer acordo com o demônio para fazer a obra de Deus? Não! Não podemos justificar a realização de meios alterados em razão dos fins. Os fins não justificam os meios – ponderou, diante das argumentações de que os artigos incluídos no PLV irão beneficiar a população.
Aloysio Nunes (PSDB-SP) também considerou “ilegítima, ilegal e inconstitucional” a forma como os 32 artigos foram incluídas na medida provisória original encaminhada pela Presidência da República. O senador lembrou a existência da Lei Complementar 95/98, que dispõe sobre a elaboração das leis em geral e proíbe a inclusão no texto legislativo de assuntos distintos ao seu objeto original.
- Faz-se aqui o elogio da ilegalidade. O que o Senado vai fazer hoje é legitimar uma esperteza. Deputados que enfiaram na medida provisória temas que nada dizem respeito ao seu objeto, que distribuem a mancheias benefícios para vários setores econômicos. Aproveitam-se da medida provisória, do rito legislativo da medida provisória, para fazer com que isso seja aprovado. Talvez a presidente Dilma vete um ou outro dispositivo, mas não tenho dúvida de que eles voltarão – lamentou.
A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) também criticou o acréscimo excessivo de assuntos à MP. O líder do PSDB, Alvaro Dias (PR), anunciou em Plenário que o partido vai ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra o projeto.