Durante o cumprimento de mandado e busca e apreensão na casa do asssessor especial da Prefeitura de Montes Claros, Noélio Francisco Oliveira, preso na operação Laranja com Pequi, foi encontrado recibo de depósito bancário que teria sido feito por ele na conta de Stela Gleide Martins Leite, mulher do prefeito Luiz Tadeu Leite (PMDB), conforme revelou ontem uma fonte envolvida nas investigações. A localização do recibo de depósito, cujo valor seria de R$ 10 mil, foi uma das razões para que fosse prorrogada por mais cinco dias a prisão temporária de Noélio. A Justiça prorrogou ontem, a pedido da Polícia Federal e do Ministério Público, a prisão de outras cinco pessoas suspeitas de envolvimento no esquema de fraudes em licitações para o fornecimento de alimentação para presídios e merenda escolar.
Ouvido pelo Estado de Minas na tarde de ontem, o prefeito Luiz Tadeu Leite, que se encontra em Belo Horizonte, onde se recupera de duas cirurgias no intestino, disse que desconhece detalhes das investigações do MPE e da PF, mas que está tranquilo em relação ao fato. “O Noélio já trabalhava comigo vários anos antes de eu assumir a prefeitura. Evidente que sempre pedi a ele para me fazer favores pessoais como um ou outro depósito”, afirmou o prefeito.
Tadeu Leite também será alvo de inquérito para investigar se ele tem alguma ligação com fraude em licitação para o fornecimento de merenda escolar, onde a empresa Stillus Alimentação firmou o seu segundo maior contrato em todo país, movimentando R$ 19 milhões em 3 anos. Apesar das investigações apontando uma possível participação de servidores municipais, ele alega que não houve nada de irregular por parte da prefeitura. “Publicamos o edital de licitação da merenda normalmente. Não tínhamos como saber que existia conluio por parte das empresas, pois não tínhamos escutas telefônicas, como a Policia Federal”, alegou. Com a terceirização, os gastos com a merenda escolar em Montes Claros subiram de R$ 2 milhões em 2008 para R$ 12 milhões em 2009. O aumento exorbitante, de 500%, chamou a atenção do Ministério Público, que passou a investigar o caso.
Em nota, a mulher do prefeito, a médica Stela Gleide Martins Leite, negou que o depósito seja de fruto de irregularidades. Ela afirmou que o valor de R$ 10 mil foi feito pelo marido dela para pagar despesas da família em Belo Horizonte. Conforme Stela, o prefeito deve ter pedido a Noélio que fizesse um favor depositando a quantia. “Certamente, ele deve ter solicitado a Noélio, seu assessor com quem este trabalha há 12 anos, desde quando mantinha escritório de advocacia na capital mineira, que fizesse o depósito bancário por uma questão de comodidade, daí o comprovante ter sido encontrado com o mencionado assessor”, esclareceu.