Jornal Estado de Minas

Se o PT voltar, PSDB está fora

A possibilidade de a direção nacional do PSB intervir em Belo Horizonte, pode provocar uma debandada ainda maior

Alessandra Mello Leonardo Augusto
Uma possível intervenção da direção nacional do PSB para garantir a aliança com o PT na disputa por vagas na Câmara e evitar a candidatura própria de Roberto Carvalho (PT) pode esvaziar a chapa do prefeito Marcio Lacerda (PSB) que tentará a reeleição. Se o PSB for forçado a fazer coligação proporcional com os petistas, o PSDB vai se retirar da aliança e promete levar junto com ele PPS, PR e PP, além de quase todas as legendas nanicas. Caso haja mesmo interferência da direção nacional socialista em favor dos petistas, Lacerda terá a garantia apenas em sua chapa do PCdoB , PSD, PTdoB, PRP e do PT que, independentemente do resultado vai disputar essa eleição completamente rachado, a exemplo do que aconteceu em 2008. O presidente do PSB da capital, João Marcos Lobo, garante que não há a possibilidade de o comando nacional interferir na decisão.
Foi temendo a hipótese de contar com uma aliança pequena que o PSB decidiu sair sozinho na campanha para vereador. A pressão maior foi feita pelo senador Aécio Neves (PSDB), contrariado com a possibilidade de o PT levar a vaga de vice e também a coligação proporcional. Na convenção de ontem de manhã, antes da decisão do PT de lançar Roberto Carvalho como candidato, o PSB já previa a possibilidade de rompimento. Tanto que não formalizou as alianças para a - Foto: chapa de vereadores, muito menos bateu o martelo sobre a questão da majoritária. A ata da convenção sinalizou a possibilidade de o candidato a vice ser o deputado federal Miguel Correa Jr. (PT) – que prestigiou o encontro, junto com o presidente estadual da legenda, deputado federal Reginaldo Lopes, e o ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel –, mas deixou em aberto a possibilidade de alterar tudo caso as convenções do PT e PSDB marcadas para o fim da tarde trouxessem alguma surpresa. Por orientação do governador, os nanicos que fazem parte de seu arco de alianças e que já acertaram previamente com Lacerda, também deixaram as atas em aberto para debandar da coligação socialista caso haja alguma mudança.

As negociações para a disputa por vagas na câmara foi um dos motivos da ausência dos tucanos da convenção do PSB ontem. O senador Aécio Neves (PSDB), que participou junto com o governador Antonio Anastasia das convenções tucanas em Betim e Contagem, teria afirmado que o partido não apoiaria a reeleição do prefeito caso a legenda comandada por Walfrido em Minas fechasse o acordo com o PT. Outros dirigentes do PSDB também não participaram da convenção, o que serviu para pressionar os socialistas.

Minutos antes do início dos encontros do PT e PSB, marcador para começar na mesma hora, o PSB enviou uma carta aos dois partidos afirmando que lançaria chapa própria na eleição para a Casa, sem explicar os motivos da decisão.

Caso permaneça a decisão do PT de romper com o PSB os tucanos podem ocupar a vaga de candidato a vice-prefeito que já havia sido destinada ao Miguel Corrêa Jr. Isso é tudo que o PSDB desejava. Tanto que os militantes comemoraram efusivamente o anúncio feito pelo presidente da legenda, deputado federal Marcus Pestana, do rompimento de petistas e socialistas.:“Marcio Lacerda, você vai ver, a aliança não precisa do PT”. Em seguida, gritaram o nome do deputado estadual João Leite para candidato a vice.

Apesar da comemoração, Pestana ainda se mostrou cético em relação à decisão do PT. “Acho que a poeira vai baixar e o bom vai prevalecer no PT”, comentou o deputado, que aproveitou a situação para criticar o partido. Segundo ele, o PT não tem cultura de aliança “É sempre venha a nós”, atacou. Pestana não quis adiantar quem poderá ser o vice, pretende esperar até o dia 5, prazo máximo para o registro de candidatura no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).