As negociações começaram ainda no sábado, assim que a decisão do diretório municipal do PT foi anunciada, após o partido receber comunicado da direção do PSB informando que não faria a coligação proporcional. Desde então, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, mantém contatos com os presidentes nacionais do PT, Rui Falcão, e do PSB, o governador Eduardo Campos (PE), para tentar convencer Lacerda a recompor o acordo.
No domingo, a informação era de que o vice-presidente e o secretário-geral do diretório socialista, Roberto Amaral e Carlos Siqueira, respectivamente, teriam desembarcado em Belo Horizonte para se encontrarem com o prefeito e o presidente do PSB mineiro, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, e em seguida com representantes da direção do PT em Minas Gerais. A reportagem de O Estado de São Paulo tentou falar com integrantes da direção socialista, incluindo Walfrido, mas nenhum deles atendeu o telefone no domingo. "Se a avaliação do Marcio (Lacerda) foi diferente, reorganizamos e fazemos a aliança", afirmou um dos interlocutores de Pimentel e integrante do diretório petista em Minas.
No entanto, a direção do PT se mostra revoltada com a postura do prefeito. Nos bastidores, a informação é de que Lacerda teria sido "enquadrado" pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) para não fazer a aliança proporcional com os petistas, decisão que foi comemorada com entusiasmo na convenção tucana na capital, realizada simultaneamente à do PT, e o PSDB já espera indicar o candidato a vice de Lacerda. Aécio foi, junto com Pimentel, o principal articulador da candidatura de Lacerda em 2008, assim como da tentativa de reedição da aliança.
A reportagem tentou, via assessoria, falar com o senador, mas não houve retorno.
"O Aécio quer derrotar o PT e agora tem que assumir o ônus. Porque a decisão do Lacerda foi contra o PT de Belo Horizonte. Mas ele está disposto a romper com o PT nacional, com o Lula e com a Dilma?", indagou um dos petistas que participa das negociações. Segundo ele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente também já se inteiraram do imbróglio criado nas eleições municipais de Belo Horizonte e estariam ajudando a encontrar um caminho para o partido, inclusive com contatos com Patrus para viabilizar sua candidatura.
"As decisões que tinham que ter sido tomadas já foram. Não acredito em nenhum tipo de intervenção e o Patrus afirmou que está inteiramente à disposição da campanha", declarou o vice-prefeito Roberto Carvalho, desafeto de Lacerda. Carvalho foi escolhido na convenção do PT para disputar contra o socialista, mas a decisão ainda pode ser revertida.