Outro membro da direção, que preferiu não se identificar, também negou a hipótese de interferência. “No PSB a palavra intervenção é proibida. O que existe é diálogo, convencimento”, afirmou. Segundo a fonte, a cúpula da legenda foi pega de surpresa com a decisão dos colegas de não atender à reivindicação dos petistas, mas o presidente nacional e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), teria garantido que não vai interferir na sucessão da capital. “Nosso esforço sempre foi de estar junto com o PT e o PSDB”, completou, mas na base do diálogo.
O secretário de Organização do PT nacional, Paulo Frateschi, também negou que a direção de seu partido possa interferir na capital mineira. “É um assunto que será tratado no âmbito local”, assegurou. Ele ainda criticou a posição do PSB. “Eles estavam com um documento assinado, dizendo que fariam a coligação (na chapa de vereadores), e, na última hora, desistiram”, protestou.
Reunião
Carlos Siqueira, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o presidente municipal da legenda, João Marcos Lobo, se reuniram durante quase três horas na noite de ontem na casa de Lacerda. Os mineiros explicaram a situação da capital e se comprometeram a encaminhar hoje à direção nacional um documento com o posicionamento do partido. “Explicamos que não foi apenas uma questão eleitoral, mas também política”, afirmou Lobo. De Siqueira, teriam ouvido que a nacional respeitará a decisão, mas vai acompanhar os desdobramentos do processo.
Até porque os socialistas esbarram em um entrave: caso atendam ao desejo do PT, perderão o apoio do PSDB e de partidos como PPS, PR e PP, além de boa parte das legendas pequenas, que seguirão a decisão tucana. Isso porque o PSDB condiciona o apoio à rejeição da coligação proporcional entre PT e PSB.
As negociações em torno da disputa a vereador foram tão polêmicas que os tucanos nem participaram na manhã de sábado da convenção do PSB que homologou a candidatura à reeleição de Lacerda.
A ata do encontro deixou em aberto a disputa proporcional – que pode ser acertada até dia 5, data final para o registro das candidaturas. No entanto, no final da tarde de sábado, uma carta do PSB foi encaminhada ao PT. Nela os socialistas reafirmaram a candidatura de Miguel Corrêa Jr. (PT) a vice-prefeito, mas deixaram clara a decisão de lançar chapa própria para a Câmara. Nos bastidores a informação é de que houve pressão dos tucanos e de outros partidos que integram a aliança durante todo o dia.
Oficialmente dois fatores pesam contra o PT: além de parte da bancada na Câmara integrar a oposição a Lacerda, unido com os petistas o PSB elegeria três ou quatro vereadores. Com chapa própria, a expectativa é de conquistar pelo menos sete cadeiras. “Não tem a menor chance de revermos a chapa proporcional. Já havíamos colocado as condições para a aliança, e uma delas era a governabilidade. No entanto, lideramos com a oposição sistemática de parte do PT, e eles foram avisados disso”, argumentou outra fonte socialista. (Colaborou Paulo de Tarso Lyra)