Brasília – Após procurar reservadamente vários senadores na tentativa de convencê-los de sua inocência, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), no foco das denúncias envolvendo o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tenta a última cartada, a partir de hoje, para salvar o mandato: ele decidiu romper o silêncio e falar. O parlamentar goiano vai ocupar a tribuna do Senado e proferir uma série de discursos até o dia 11, data em que o pedido de cassação do mandato aprovado pelo Conselho de Ética por unanimidade deve ser votado em plenário. Vai usar um tom emocional para sensibilizar seus pares.
Nos discursos que fará a partir desta semana, Demóstenes vai repetir que quer ser julgado pelo que fez, e não pelo que falou. Vai tentar mostrar aos parlamentares que não mentiu e, por isso, não quebrou o decoro quando fez o primeiro discurso, em março.
Para Demóstenes ser cassado, são necessários 41 votos num universo de 80, pois ele não tem direito a se manifestar. Levantamento realizado pela reportagem no mês passado mostrou que, dos 64 parlamentares ouvidos (16 não foram localizados), 43 prometeram votar pela cassação. O levantamento revelou um Senado absolutamente constrangido. Apenas 29 senadores abriram o voto. Ninguém declarou abertamente que votaria contra a cassação. Fugiram do assunto, alegando os mais diversos motivos, 34 parlamentares.
CPI nesta terça-feira
Estão previstos, na CPI do Cachoeira, nesta terça-feira, depoimentos de quatro testemunhas: Joaquim Gomes Thomé Neto, ex-agente da PF acusado de monitorar e-mails para a quadrilha de Cachoeira; Roseli Pantoja da Silva, sócia da empresa Alberto & Pantoja, uma das que recebiam recurso da Delta; Ana Cardozo de Lorenzo, que recebeu depósito de empresas de fachada do contraventor; e Edivaldo Cardoso de Paula, ex-diretor do Detran-GO, no qual, apontam as investigações, o esquema tinha forte influência.