Jornal Estado de Minas

Lacerda ainda acredita em aliança com PT

Prefeito confirma chapa proporcional independente e anuncia seu vice, embora afirme que o rompimento com PT não é definitivo

Bertha Maakaroun - enviada especial

Depois de afirmar que não considera o rompimento com o PT definitivo e que pretende trabalhar “até o último minuto” pela reedição da aliança, o prefeito Marcio Lacerda anunciou nessa segunda-feira, na Prefeitura de Belo Horizonte, que o seu candidato a vice será Josué Valadão, do PP.

Secretário municipal de Governo nos últimos três anos e meio, Valadão se desincompatibilizou dentro do prazo legal, conforme antecipou o Estado de Minas, numa estratégia de Lacerda de ter uma opção na hipótese de vir a ter problemas com o PT, que já ameaçava na ocasião a candidatura própria.

Lacerda demonstrou também estar apoiando a decisão de seu partido, de não se coligar na eleição proporcional ao PT. “O diálogo continua aberto. Até o último momento, na quinta-feira, podemos ter mudança e espero que isso ocorra, que o PT esteja conosco, com o vice muito qualificado, que é o Miguel (Corrêa Júnior). Mas realmente, em relação à proporcional, não vamos ficar”, disse o prefeito. Ele chegou até mesmo a ameaçar que, caso haja uma intervenção do diretório nacional da legenda em Belo Horizonte, renunciará à sua candidatura.

Marcio Lacerda discorreu sobre a cronologia das conversações entre o PSB e o PT, em torno da chapa proporcional para a Câmara Municipal, que culminaram com o rompimento da aliança na convenção do partido socialista ocorrida no sábado. Pouco antes do início da convenção do PT, a direção municipal petista recebeu carta da direção municipal do PSB, informando que havia decidido que a legenda não faria coligação proporcional. “Em novembro do ano passado me reuni em BH com o presidente nacional do PT, Rui Falcão. Logo depois houve entrevista à imprensa e nós confirmamos a presença do PT com o vice em nossa chapa. Acertamos que o vice teria um tempo de televisão em nossa programação para pedir voto aos vereadores”, afirmou Lacerda, salientando ter sido esse o acordo feito com Falcão.

Segundo o prefeito, a partir de abril, aumentou a pressão em torno da chapa proporcional: os vereadores do PSB bateram pé contra, e os do PT reivindicavam a coligação como condição para a reedição da aliança. A chapa de candidatos a vereador do PSB e os vereadores da legenda chegaram a anunciar em encontro do partido a disposição da renúncia coletiva caso fosse formalizada a coligação com o PT.

“Em função da pressão, concordamos de forma condicionada, não foi um compromisso fechado, de negociar com o conjunto dos partidos da base (a coligação proporcional). Caso não tivéssemos feito essa concordância lá, teríamos tido o rompimento em abril, com a definição da candidatura própria pelo PT”, afirmou Lacerda, considerando ter optado por uma tentativa de diálogo para não prejudicar a administração.

O PT, em encontro tático eleitoral que antecedeu a convenção no sábado passado, havia derrotado por margem estreita a tese da candidatura própria, apoiada pelo vice-prefeito Roberto Carvalho. O argumento empregado considerou a indicação do vice na chapa e a aliança proporcional.

Marcio Lacerda afirmou nessa segunda-feira que, diante do quadro que se desenhava, houve uma tentativa de impedir a ruptura. “Se fosse haver rompimento, seria na última data possível, que é agora, neste momento. Com isso, preservamos três meses de união na PBH, de trabalho muito bem coordenado entre os partidos”, disse. Lacerda ainda reiterou: “Continuamos achando que romper essa aliança vitoriosa em Belo Horizonte numa disputa de cadeiras para a Câmara Municipal não é atitude correta”.

Indagado se exigirá do PT os cargos na Prefeitura de Belo Horizonte, Lacerda disse: “Não estou preocupado com isso neste momento. Cada problema a seu tempo. A cada dia a sua agonia”.

Todo-poderoso

Homem forte da administração de Lacerda, Josué Valadão  (foto) foi responsável pela condução da Secretaria de Governo, que tinha sob o seu comando todas as outras pastas, empresas, fundações e autarquias municipais. Trabalhou durante décadas nas empresas de Lacerda e deixou o cargo de diretor de Sistemas da Construtel, onde respondia pela expansão de linhas telefônicas implantadas pela companhia, na década de 1990, após a venda da empresa pelo prefeito. Valadão entrou na vida pública, pouco tempo depois, pelas mãos do ex-chefe e, quando Lacerda assumiu a prefeitura, assumiu o cargo.