Jornal Estado de Minas

Tucano acusa PT de traição em BH

Presidente do PSDB em Minas critica rompimento da aliança às vésperas da disputa municipal depois de o partido ter "usufruído" do poder na capital por três anos e meio

Leonardo Augusto

O presidente estadual do PSDB em Minas Gerais, Marcus Pestana, classificou de traição a quebra de rota do PT rumo ao lançamento de candidatura própria, retirando o apoio à reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Conforme o tucano, o partido usufruiu do poder durante três anos e meio e, às vésperas da disputa, virou as costas para o prefeito. Lacerda venceu o pleito em 2008 com o apoio das três legendas.

 

Segundo Pestana, o PSDB não pretende reivindicar a vice-prefeitura na chapa que disputará a reeleição. Antes da mudança de posicionamento do PT, o posto seria ocupado por um dos deputados federais petistas em Minas, Miguel Corrêa Júnior. O rompimento do partido com Lacerda aconteceu depois que o PSB se negou a coligar com o PT na disputa por cadeiras na Câmara Municipal. “Mais do que nunca estamos unidos em torno da reeleição do prefeito. Agora, revigorados”, disse Pestana.


O discurso do PSDB foi afinado nessa segunda-feira em duas reuniões no apartamento do senador Aécio Neves no Anchieta, Zona Sul de Belo Horizonte. Na primeira, que ocorreu entre 12h e 13h, o parlamentar conversou com o governador Antonio Anastasia e com o prefeito Lacerda. Na segunda, no meio da tarde, estiveram na residência do senador Marcus Pestana, o presidente municipal do PSDB, João Leite, e o secretário de Estado de Governo e principal articulador político de Aécio, Danilo de Castro. Nenhum dos dois encontros contou com a participação do presidente estadual do PSB, Walfrido dos Mares Guia, nem do presidente municipal, João Marcos Lobo.


O tom extraído dos encontros foi no sentido de evitar qualquer temor em relação principalmente à possibilidade de Lacerda enfrentar o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias, ex-prefeito da capital, considerado como o único capaz de unir o PT em Belo Horizonte. O partido nos últimos três anos se dividiu entre os que defendiam candidatura própria e os que apoiavam a reeleição de Lacerda. “Em 2010 Anastasia foi eleito com o triplo dos votos de Hélio Costa, que tinha Patrus como vice e o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, lembrou Pestana.


A possibilidade de o PMDB apoiar a candidatura do PT, inclusive com a indicação do vice na chapa, também não incomodou os tucanos, ao menos a julgar pelas declarações oficiais. “É até natural que isso aconteça, já que os dois partidos estão juntos no apoio ao governo federal”, argumenta o presidente municipal do PSDB de Belo Horizonte, João Leite.


Contas

A briga entre PT e PSB por causa da disputa por vagas na Câmara Municipal ocorreu porque, conforme cálculos dos correligionários de Lacerda, a união com os agora ex-aliados reduziria o número de vereadores do partido na Casa. Os números citados por parlamentares dão conta de que, sozinho, o PSB veria a bancada aumentar de três para seis cadeiras. Já com o PT, a legenda conseguiria eleger no máximo dois vereadores. Nas coligações, partidos com candidatos mais bem votados levam vantagem em relação a aliados com menos potencial para conquista de eleitores.