A orientação do presidente estadual do PT, Reginaldo Lopes, para que os cerca de 900 petistas que ocupam cargos na Prefeitura de Belo Horizonte deixem os cargos vai ficar em banho-maria. Apesar do rompimento oficializado do partido com o prefeito Marcio Lacerda (PSB), os filiados preferem esperar até esta quinta-feira, último dia para registro das candidaturas e coligações no Tribunal Regional Eleitoral, para tomar uma decisão. Enquanto isso, a direção municipal da legenda prega exatamente o contrário: que os indicados fiquem nas vagas até 31 de dezembro, quando termina o mandato da atual gestão.
Nenhuma exoneração fruto da discórdia foi publicada no Diário Oficial do Município dessa terça-feira. O discurso de alguns dos secretários indica que falta disposição para largar os postos. Eles alegam ter responsabilidades a cumprir nas funções e que uma exoneração teria de ser discutida. “Só falo sobre isso depois do dia 5. Estou trabalhando e tenho obras a inaugurar”, afirmou o secretário de Obras, Murilo Valadares.
O procurador do Município, Marco Antônio Resende, também alega que não pode sair do cargo de uma hora para outra. “Não tive nenhuma conversa partidária a respeito, estou esperando para ver o que vai efetivamente ocorrer. O prefeito mesmo declarou que isso não é prioridade”, disse. Os dois chegaram a sair dos cargos para concorrer à vaga de vice-prefeito pelo PT na chapa de Lacerda. Na ocasião, foi escolhido o deputado federal Miguel Corrêa Jr.
Além da perda de espaço, o partido terá prejuízo financeiro com a exoneração dos quase mil comissionados petistas. Isso porque, pelo estatuto do partido, todos os filiados devem contribuir com percentuais dos salários, verba que vai para o caixa da legenda. De acordo com o secretário municipal de Finanças do partido, Geraldo Arcoverde, o percentual varia de 1% a 6%, mas os secretários e adjuntos, segundo ele, são proibidos por lei de pagar. O dirigente admite a queda de arrecadação. “Sempre representa, mas nossa ideia é ampliar (os cargos) com uma vitória no ano que vem”, afirmou. Só no primeiro escalão, o PT tem cinco secretarias, três regionais e quatro presidências de órgãos da administração indireta.
Ao contrário do que prega Reginaldo Lopes, Arcoverde afirmou que a orientação da direção municipal é que os comissionados continuem nos cargos. “Isso foi uma declaração pessoal do Reginaldo como forma de ameaçar o pessoal que está com cargo, uma tentativa de que eles se virassem contra a decisão do PT de ter candidatura própria”, afirmou. Segundo ele, assim como o mandato de vice-prefeito de Roberto Carvalho vai até 31 de dezembro, os demais petistas devem continuar na administração até o fim. “O que estamos discutindo é para uma nova gestão a partir de 2013, esse processo interfere no agora. Fomos eleitos em 2008 para participar da gestão até o fim”, afirmou o secretário.