Jornal Estado de Minas

Campanha eleitoral em BH será nacionalizada

Bertha Maakaroun - enviada especial

2014 é agora. E nas avenidas de Belo Horizonte o enredo principal vai se desenrolar com os principais candidatos à Presidência da República engajados em campos opostos na disputa para a prefeitura. Se o candidato do PT, Patrus Ananias, tem a seu lado a presidente Dilma Rousseff, o prefeito Marcio Lacerda terá a apoiá-lo na tentativa de reeleição não só o senador Aécio Neves – que tem sua candidatura ao Palácio do Planalto considerada natural dentro do PSDB –, como o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), estrela socialista que ensaia, em várias capitais, a consolidação do PSB. De satélite petista, o PSB buscou voo solo em Fortaleza, em Recife, em Teresina, em Rio Branco, em Belém e em Natal. De olho também na sucessão presidencial, para quando a sua hora chegar, Campos quer a base socialista fincada em todo o país.

Para Lacerda, o cenário eleitoral mais confortável lhe indicaria a necessidade de manutenção do amplo leque de apoios, em que petistas e tucanos, entre cotoveladas e pontapés, disputavam a primazia da coligação e dos postos do futuro governo. Na condição de magistrado das forças antagônicas, artificialmente juntadas em 2008, o prefeito manteria o tom e um certo controle da disputa. Ao seu lado estariam os poderes estadual e federal, situação conveniente não apenas no que diz respeito à governabilidade e o maior acesso aos investimentos públicos, mas também, para estruturas azeitadas de campanha, financiamento , sem falar no abundante tempo no horário eleitoral gratuito.


Durante a pré-campanha, que se arrasta desde o fim do ano passado, petistas e tucanos se empurraram, na tentativa mútua de lançar o adversário ao mar. A queda de braço se arrastou, com declarações inflamadas de ambos os lados, de quem seria o maior cabo eleitoral em Belo Horizonte, se líderes tucanos ou petistas. Ambos miravam 2014. Mas no confronto direto, nem o PT nem o PSDB arrastou pé do barco.


Proporcional

Embora a briga entre o vice-prefeito Roberto Carvalho, que também é presidente municipal do PT, e o prefeito Marcio Lacerda tenha tensionado em muitos momentos o processo de decisão interna petista, não foi esse embate o responsável pela ruptura. Dentro da coligação, o PSDB ameaçou abandonar o barco, levando um conjunto de partidos satélites, caso o PT, além de indicar o vice, se coligasse na chapa proporcional com o PSB. No partido de Lacerda, a chapa de candidatos a vereador e os próprios vereadores fizeram coro aos tucanos, ameaçando com renúncia coletiva. A coligação proporcional com o PT não interessava ao partido.


Com uma bancada hoje de três parlamentares, a chapa do PSB montada para concorrer à Câmara conta com os votos de legenda puxados por Lacerda para eleger mais dois ou três nomes. O PT, que tem hoje seis vereadores, se considerou traído, pois dava como certa uma carta em que os socialistas garantiam a vice e a coligação proporcional. Sem coligar-se com PSB e se não lançasse um candidato a prefeito, teria dificuldades em ampliar a sua bancada.


Os líderes petistas pesaram o quadro e resolveram não colocar a briga com os tucanos em banho-maria, partindo para a candidatura própria. Os tucanos comemoraram. Como em 2008, por motivo diferente, a disputa em Belo Horizonte, de novo, estará no centro das atenções.

 

Ministros no palanque
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse ontem que a presidente Dilma Rousseff não deve participar das campanha eleitorais, mas que os ministros estão liberados para atuação eleitoral “fora do expediente”. “Nós podemos participar, desde que não atrapalhe os trabalhos no ministério. A presidente não pensa em se envolver. A melhor maneira dela ajudar nas eleições é o Brasil ficar bem. A participação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, na disputa em BH está autorizada.