São Paulo – O ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias será o candidato do PT à prefeitura da capital. A decisão oficial foi tomada nessa terça-feira por unanimidade pelo comando nacional do partido depois de uma reunião de cerca de três horas com representantes do diretório mineiro. O grupo também anunciou que o candidato a vice na chapa vai ser indicado pelo PMDB e o coordenador da campanha será o vice-prefeito Roberto Carvalho, que havia sido escolhido candidato depois do rompimento com o PSB, na convenção de sábado passado. A troca dos nomes só vai ser oficializada com a confirmação da renúncia de Roberto Carvalho, registrado oficialmente na segunda-feira passada como candidato na Justiça Eleitoral. Ouvido pela reportagem, o vice-prefeito disse apenas que é “homem de diálogo” e que anuncia sua posição oficial nesta quinta-feira.
Nesta quarta-feira, Roberto Carvalho se reúne em São Paulo com o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, que vem a Belo Horizonte nesta quinta-feira para participar do registro da chapa e da comemoração pelo lançamento da candidatura própria. A indicação do vice está sendo negociada diretamente por Falcão com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP). Os dois estão em conversa desde terça-feira e até esta quarta-feira devem bater o martelo sobre o nome. O candidato do PMDB a prefeitura, Leonardo Quintão (PMDB), pode renunciar e um novo nome ser indicado.
Conversas
Escolhido em convenção, Carvalho registrou sua candidatura na segunda-feira. Pela legislação eleitoral, o candidato do PT só muda se a candidatura for indeferida, houver renúncia ou morte do nome registrado. Nessa terça-feira, ele passou o dia em conversas com lideranças nacionais, incluindo o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, que ficou de intermediar um encontro com a presidente Dilma Rousseff possivelmente amanhã.
O deputado federal Miguel Corrêa Júnior (PT), que já tinha sido indicado pelo partido para ser o vice do prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição, também será um dos coordenadores da campanha de Patrus. “O diretório referendou a indicação de Patrus porque acredita que ele é o nome capaz de manter o partido unido e que tem melhores condições de vencer as eleições”, disse Miguel. Falcão garantiu que a candidatura própria é irreversível. “Entendemos isso como um gesto político e não uma simples decisão partidária. Não tem mais volta e estamos unidos para enfrentar essas eleições”, garantiu.
Segundo ele, o rompimento ocorre porque o PSB não cumpriu o acordo firmado com o PT de se coligar com o partido na disputa pelas vagas de vereador. A aliança foi garantida em documento assinado pelo presidente do PSB mineiro, Walfrido Mares Guia. “O rompimento de um acordo em política é gravíssimo”, pontuou o presidente petista. Segundo Rui Falcão, a candidatura própria em Belo Horizonte tem o aval da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma não deve participar da campanha por haver muitos partidos da base aliada na disputa, mas a presença de Lula foi garantida. “O Lula é do PT e, dentro da agenda dele, estará presente na campanha de Belo Horizonte.”
Falcão negou qualquer relação entre o rompimento com o PSB, em Belo Horizonte, e o fato de os socialistas terem decidido não se aliar ao PT em Recife (PE) e Fortaleza (CE). “Não vou classificar o que aconteceu, mas em Recife e Fortaleza havia uma expectativa de continuidade da frente popular que não se consumou. Em Belo Horizonte havia um acordo por escrito que foi rompido.”