A acusação sustenta que a conduta do núcleo financeiro tornou viáveis mecanismos de lavagem de dinheiro que permitiram repasse dos valores aos destinatários finais.
"Não cabia a Ayanna, na organização interna do Banco Rural, relacionar-se com clientes, muito menos estruturar ou ordenar a realização de operações financeiras ou de crédito, até porque lhe faltava capacidade técnica profissional para tanto", diz o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor da executiva. "Ela não teve nenhuma participação no relacionamento comercial entre o Rural e as empresas ligadas ao publicitário Marcos Valério, muito menos na constituição dos empréstimos a estas empresas, até porque nem sequer trabalhava no banco na ocasião."
Renovações
Assim, de todas as operações de crédito apontadas pela denúncia, Ayanna teve participação em apenas duas renovações de empréstimo uma relativa à SMP&B e outra à Graffite Participações, realizadas no mesmo dia, 29 de junho de 2004.
Três saques teriam ocorrido nos dias 16 de junho, 31 de agosto e 10 de setembro de 2004. Mariz de Oliveira destaca que "todas as operações ocorreram em período anterior ao ingresso de Ayanna como responsável pela prevenção à lavagem de dinheiro perante o Banco Central, em 13 de janeiro de 2005".
"A fragilidade da acusação foi reconhecida até mesmo pela Procuradoria que, após denunciar Ayanna pelo delito de lavagem por 65 vezes, requereu sua condenação por apenas três operações consideradas delituosas", assevera Mariz. Ele afirma que Ayanna não mantinha relacionamento com Marcos Valério. "O mesmo pode ser dito em relação ao suposto organizador do chamado núcleo político, José Dirceu."