A estratégia de defesa de Cavendish é transferir para o diretor regional da Delta no Centro - Oeste, Cláudio Abreu, a responsabilidade de dar explicações sobre uma possível participação da construtora no suposto esquema de corrupção e tráfico de influência comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
"São fatos que ele ignora, ligados a pessoas que traíram a confiança da Delta", diz Técio Lins e Silva. "Sabemos que na CPI há interesses políticos, alguns legítimos, outros subalternos. Ele não foi chamado até hoje à CPI não por estar protegido, mas porque não tem nada a ver. A disposição dele no momento é que não tem nada a falar porque não tem responsabilidade sobre o fato determinado. É preciso saber se vão explorar a dor e a desgraça que ele vive há um ano", afirmou Lins e Silva.
O advogado refere-se ao episódio que tornou pública a amizade entre Fernando Cavendish e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Em junho do ano passado, um acidente de helicóptero matou sete pessoas no sul da Bahia, entre elas a mulher de Cavendish, Jordana Kfuri, o enteado do empresário, Luca, e a namorada de um dos filhos de Cabral, Mariana Noleto. O grupo participaria de uma festa promovida por Cavendish em um resort de luxo.
Lins e Silva reiterou que Cavendish não está ligado à administração da Delta e apenas preside o Conselho de Administração da empresa. "Os diretores regionais tinham absoluta autonomia", afirmou o advogado, lembrando que o peso do Centro-Oeste nos contratos da Delta era de apenas 4%.