Ele também justificou o rompimento alegando que se o PSB não cumpriu a palavra em uma questão pequena como a coligação proporcional, não iria honrar a “repactuação programática”, uma das condições do PT para reedição da dobradinha com o PSB. Ele negou que haja nacionalização da campanha e atacou o que chamou de “vaidade do senador”. “O senador quer trazer para Belo Horizonte o projeto derrotado dos tucanos por Lula e Dilma. Minas Gerais está quebrada. Não vamos deixar que os tucanos também quebrem Belo Horizonte”, alfinetou.
Aécio Neves tomou a frente da tropa de choque de Lacerda e, em coletiva para anunciar o apoio de 15 partidos aliados, criticou o rompimento dos petistas, que na eleição de 2008 e na atual administração eram aliados do prefeito. O tucano acusou os petistas de tentarem usar o PSB na chapa proporcional como palanque para eleger seus vereadores. “Até sábado, 11h, as principais lideranças do PT diziam que o Marcio era a melhor alternativa. Só porque ele não aceitou o aniquilamento do seu partido para atender a mais um capricho do PT, ele deixou de ser melhor candidato?”, provocou.
Nas últimas semanas de negociação, o PSDB defendeu que, se os petistas ficassem com a vaga de vice na chapa de Lacerda, não deveriam ficar com a coligação para a chapa de vereadores. Os tucanos, no entanto, não exigiram a vaga de vice que ficou para o deputado estadual Délio Malheiros (PV), até então candidato de oposição ao socialista. Aécio alegou que o PSDB não fez imposições e que os que decidiram se aliar a Lacerda – além de Délio, o deputado federal Eros Biondini (PTB) renunciou da candidatura em favor dele – escolheram por vontade própria.
Fantasmas
O mote da campanha, segundo Aécio, será mostrar que os adversários são fruto de uma escolha nacional. “Nossa construção é mineira, dentro das nossas montanhas. No outro campo, foi toda ela – a começar pelo próprio candidato que foi ungido em São Paulo – com todos os seus aliados sem exceção fruto de interferências externas”, disse. Potencial candidato à presidência em 2014, Aécio disse que não vai cair na “armadilha” de trazer a futura disputa nacional para essa eleição. “Estão vendo fantasmas, antecipando um cenário que ninguém sabe qual vai ser daqui dois anos.” Sobre o fato de o vice de Lacerda ter feito oposição a ele nos últimos anos, Aécio afirmou que é bom ter um crítico no time e que o PSDB mantém a coerência ao continuar com Lacerda. “Há poucos dias a presidente Dilma veio a BH e encheu o prefeito de elogios. Ele deixou de ser competente de sábado para cá?”, alfinetou.
Ao registrar o pedido de candidatura ontem no TRE, o prefeito Marcio Lacerda preferiu crítica mais branda ao rival. “Quando disseram que Patrus poderia ser meu vice afirmei que o ex-ministro tinha gabarito para mais. Continuo o respeitando, mas quem está mais preparado para governar a cidade sou eu." Lacerda demonstrou novamente que vai tentar evitar o que chamou de nacionalização da disputa pela prefeitura da capital. “A eleição é local. A cidade precisa saber dos projetos, dos resultados, dos cumprimentos de metas.”
Manifestação
O registro de Lacerda ontem no TRE foi tumultuado por servidores da Justiça Federal em greve por aumento de salário. Os funcionários tentaram obstruir a entrada do prefeito no prédio do tribunal. A polícia foi chamada para garantir a saída do prefeito, que usar a garagem do tribunal. Manifestantes também protestaram contra o governo federal na hora em que Patrus chegou para registrar a chapa.
Gastos de campanha
As campanhas de Marcio Lacerda (PSB) e do ex-ministro Patrus Ananias (PT) podem chegar a custar R$ 49 milhões. A do atual prefeito pode ser duas vezes e meia mais cara do que a previsão inicial da primeira disputa, em 2008. Conforme documentação entregue ontem pelo PSB ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), as despesas em 2012 serão de R$ 35 milhões, contra R$ 14 milhões em 2008. Ao longo da última campanha, no entanto, houve pedido ao tribunal para aumento do valor, que passou para R$ 19,5 milhões depois da aprovação da Corte. A chapa encabeçada por Patrus informou que os gastos na campanha chegarão a R$ 20 milhões.