O diretório nacional do PSD fez uma intervenção nessa quinta-feira no diretório municipal de Belo Horizonte para garantir o apoio do partido à candidatura do ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias. A medida foi uma reação à rebelião liderada pelo secretário-geral do partido em BH e em Minas, secretário de Estado de Gestão Metropolitana Alexandre Silveira, que junto com o deputado estadual Gustavo Valadares, havia contrariado a orientação do presidente do PSD, Gilberto Kassab. Ontem pela manhã, eles protocolaram na Justiça Eleitoral, um documento confirmando a decisão da convenção da legenda de apoiar o prefeito Marcio Lacerda (PSD).
Faltando meia hora para o fim do prazo de registro nas chapas, o presidente municipal e estadual da legenda, Paulo Safady Simão, entrou com o pedido no Tribunal Regional Eleitoral de Minas (TRE-MG) para destituir o comando do PSD na capital, anular a convenção do dia 23 e ratificar o apoio ao candidato petista. “ Isso foi uma palhaçada. Estamos desautorizando todos os deputados e filiados que tomaram essa decisão de manhã, a revelia do partido”, ressaltou Safady.
Os deputados não chegaram a informar o ato a Kassab que ficou sabendo da desobediência por meio do presidente estadual da legenda, Paulo Safady Simão, à frente da legenda em Minas e na capital, e que ficou responsável por reverter a situação. “Se eles estiverem insatisfeitos que saiam do partido”, avisou, acrescentando que a decisão nacional é irreversível. Assim que Kassab ficou sabendo da atitude dos parlamentares mineiros, entrou em contato com dirigentes do PT-BH para tranquilizá-los, informando-os de que ele iria intervir.
Manobra
Para dirigentes do PSD em BH, o posicionamento tomado por Kassab foi um gesto de fidelidade à presidente Dilma e uma manobra orquestrada pelo ex-governador de São Paulo José Serra, adversário de Aécio dentro do PSDB e candidato à prefeitura paulistana com apoio do partido de Kassab. “Mas nós rechaçamos veementemente qualquer interferência de outros estados nas decisões de Minas", atacou Alexandre Silveira. Já Paulo Safady acredita que a atitude dos parlamentares mineiros, de passar por cima da decisão nacional, “além de não ter valor algum serve para mostrar uma afirmação pessoal”.
Alexandre Silveira já aguarda retaliações da direção nacional, mas avisa: “Não haverá mudança”. Segundo ele, a direção em Belo Horizonte está convicta do ponto de vista jurídico de que o processo de coligação com o PSB não tem retorno. “Não há como falar em mudar convenção a não ser que a ata estivesse aberta e delegando a executiva estadual a decisão, como a maioria dos partidos fez em BH. Não foi o nosso caso”, argumentou. Segundo o TRE-MG quem vai decidir sobre a validade dos documentos é o juiz eleitoral.
O PSD mineiro tem seis deputados federais e oito estaduais. A maioria das bancadas apoia as gestões do PSDB em Minas, desde o início do governo Aécio, em 2003. O partido ocupa, inclusive, o primeiro escalão do governo com dois secretários.