Na sede do PMDB, no Bairro Santo Agostinho, o clima ficou tenso. Os quatro vereadores da capital se reuniram desde cedo e ficaram mais de cinco horas trancados em uma sala. Quando chegaram os deputados federais Leonardo Quintão – que lançou a candidatura a prefeito e desistiu – e Antônio Andrade – presidente estadual da legenda –, iniciou-se um acirrado bate-boca. Do lado de fora da sala foi possível escutar os palavrões. Um dos mais exaltados era o filho do vereador Cabo Júlio (PMDB), Bruno Júlio, o Cabinho.
Na análise do vereador Iran Barbosa (PMDB), o partido deve conseguir eleger apenas um vereador. Ele ficou insatisfeito com o acordo e avisou que não fará campanha para Patrus Ananias (PT). “Escolheram um vice-prefeito (Aloisio Vasconcelos) sem nenhuma expressão, que nem sabe onde fica Belo Horizonte”, atacou. “Não existe mais PMDB depois de hoje”, ressaltou o vereador.
O principal temor é de que a coligação proporcional com o PT favoreça a eleição apenas de vereadores do partido de Patrus. Quintão tentou amenizar as discussões, garantindo que o que houve foi apenas a “explicitação do sentimento”, e que no fim houve entendimento. Com a coligação proporcional, ele acredita que os quatro vereadores do PMDB sejam reeleitos.
Pedetistas
Em nenhum momento, Quintão aceitou ser o vice de Patrus. “Não me sentiria confortável”, explicou. Ele chegou a indicar para a vaga, o presidente do PDT em Minas, Mário Heringer – que havia sido indicado para ser o vice de Quintão na convenção –, mas os deputados federais do PMDB vetaram.
O PDT acabou indo para o lado oposto do PMDB, migrando para a coligação de Marcio Lacerda (PSB). Durante boa parte da reunião, os dirigentes peemedebistas tentaram manter o PDT, conversando com o presidente nacional da legenda, Carlos Luppi, mas não tiveram sucesso.
A segunda opção para ser vice de Patrus foi do nome do deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB), um dos maiores opositores do governo mineiro na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e um dos mais ferrenhos críticos do senador Aécio Neves (PSB) mas também não foi unanimidade.
Outro nome que surgiu foi o do vereador Geraldo Félix (PMDB) também barrado pela cúpula do partido. Para Félix, o ideal seria a candidatura própria. “Fiquei insatisfeito e considero falta de visão do partido”, afirma Félix. O vereador também engrossa o coro dos descontentes e avalia que o ideal para o partido seria lançar a candidatura própria já fechando com o PT uma aliança para um possível segundo turno. “O acordo foi míope, mas temos que vestir a camisa e fazer campanha para o Patrus”, resigna-se o vereador.