A Comissão Nacional da Verdade anunciou a criação de um site para divulgar suas atividades. Uma versão provisória deve ir ao ar dentro de dez dias. "O objetivo é oferecer uma visão detalhada de tudo o que estamos fazendo", explicou a advogada Rosa Maria da Cunha, uma das sete integrantes da comissão.
Segundo a advogada, a preocupação com a divulgação e a transparência nas atividades não impedirá a comissão de prosseguir com as sessões sigilosas para ouvir depoimentos. "Nós estamos procurando saber a verdade sobre a história do período da ditadura", observou. "Se alguém sabe de fatos importantes e deseja falar sigilosamente, vamos ouvir e respeitar o sigilo. Faz parte do trabalho de investigação."
Na segunda-feira, o jornal O Estado de S.Paulo divulgou reclamações de representantes de entidades de direitos humanos contra o sigilo em torno de depoimentos ouvidos na comissão. "Só fazemos isso quando as pessoas pedem e nós temos interesse em ouvi-las. Quando não se opõem à exposição pública, não temos razão para manter sigilo", observou.
Nos próximos dias os integrantes da comissão vão se reunir com representantes de comitês da memória e da verdade de todo o País que funcionam desde a década de 1980 e são integrados principalmente por ex-presos políticos e familiares de mortos e desaparecidos.
"São grupos estruturados e bem articulados, que já trabalharam intensamente na recuperação da história. Queremos conhecer seu trabalho, para poder ir além", disse Rosa Maria. Na segunda-feira a comissão vai analisar a questão dos depoimentos de jornalistas e historiadores que reuniram documentos sobre a ditadura.
Barrados
Integrantes da Comissão da Verdade foram impedidos ontem de entrar no Arquivo Nacional, em Brasília, por um grupo de servidores em greve.
Os funcionários pedem um plano de carreira e mudanças na gestão da entidade. No fim da tarde, os grevistas decidiram, em assembleia, autorizar a entrada do grupo nesta sexta-feira. Eles vão analisar documentos repassados ao Arquivo nas últimas semanas.