O novo PSD não resiste à primeira campanha política sem baixas. Nesta segunda-feira, Roberto Brant, vice-presidente nacional, formalizará o seu desligamento, encaminhando à executiva nacional o pedido de desfiliação. O pivô da decisão: a intervenção do presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, junto à bancada federal mineira, orientando, sem consulta prévia à executiva estadual e municipal, ao apoio à candidatura de Patrus Ananias (PT).
Segundo Brant, o PSD tem um ano de existência e a executiva nacional nunca se reuniu. “Todas as decisões são tomadas por Kassab. Quando foi criado, o argumento era para libertar os filiados do DEM da escravidão partidária. Na prática, o PSD se tornou o partido mais personalista do país. As decisões são tomadas por Kassab secretamente. O PSD se tornou um partido secreto”, disse Brant.
Na avaliação de Roberto Brant, Kassab quis fazer um gesto em direção de Dilma Rousseff e de Lula, passando por cima da legenda em Minas. “Se o Marcio Lacerda cumpriu ou deixou de cumprir acordo com o PT, o que desconheço, não é assunto do PSD. O PSD não é fiscal do PT”, afirmou Brant. Em sua avaliação Kassab ficou devedor do PT de São Paulo, por ter mudado de lado na eleição à prefeitura. “Ele ficou devendo favor e quis pagar com Belo Horizonte. Mas Belo Horizonte não é moeda de pagamento de favores”, disse, referindo-se ao fato de o PSD ter em São Paulo sinalizado, em princípio com apoio ao PT e, na sequência, aderido à candidatura de José Serra (PSDB).
“Estou saindo. A intervenção em Belo Horizonte foi, para mim, o limite”, afirmou. “Não vou patrocinar um partido que teve vitórias nos tribunais e agora usa isso com interesse puramente pessoal”, acrescentou.