Os problemas com licenciamentos ambientais, greves de trabalhadores, atrasos na liberação de editais e contratos com empresas que precisaram ser revistos são apontados pelos ministérios responsáveis como alguns dos problemas enfrentados nessas obras. No entanto, a baixa execução de algumas etapas nos empreendimentos de grande porte é também o reflexo de um cenário de crise, no qual o governo adota extrema cautela. O pé atrás com esses investimentos é uma forma de evitar que grandes despesas atrapalhem as metas de superávit em um momento em que as economias internacionais enfrentam um período de estagnação.
Maior construção do país para os próximos anos, o trem-bala, que ligará as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas, tem polêmicas proporcionais ao tamanho de seu orçamento, estimado em R$ 33,2 bilhões. A obra, prometida inicialmente como solução para os problemas de mobilidade entre as duas maiores cidades do país durante a Copa do Mundo de 2014, tinha a data limite para publicação do edital que daria início ao processo de licitação marcada para 14 de junho, mas poucos dias antes o recém-empossado presidente da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav), estatal que vai administrar o novo transporte, Bernardo Figueiredo, admitiu que dificilmente a primeira etapa ocorreria neste ano.
Na semana passada, a Etav anunciou, por meio de nota, que, para recuperar o tempo perdido, poderá executar o projeto de engenharia enquanto os leilões são preparados, mas, segundo o Ministério dos Transportes, ainda não existe uma previsão de quando o primeiro edital será lançado.
TRANSPOSIÇÃO PARADA
Já para a transposição do Rio São Francisco, obra iniciada em 2007, que teve até maio 36% do empreendimento entregue, foram liberados R$ 924 milhões para este ano, mas até o fim de junho foram gastos R$ 201 milhões %u2013 cerca de 20% do previsto. A maior parte do valor investido na obra pelo governo federal, R$ 157 milhões, foi destinada aos restos a pagar, ou seja, despesas de anos anteriores. No Ceará, o lote seis da obra, que teve as atividades completamente paralisadas nos últimos dois meses, tinha como uma das empresas responsáveis a Construtora Delta, suspeita de ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Segundo nota divulgada na sexta-feira, o Ministério da Integração explica que %u201Ca retomada imediata das obras já foi determinada ao consórcio responsável, sob pena de sanções contratuais%u201D, e que o resultado da auditoria que está sendo feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) para apurar irregularidades no consórcio que tem a participação da Delta será divulgado neste mês e, %u201Ccaso haja rompimento do contrato no lote seis, os serviços não concluídos poderão ser incluídos em outra licitação%u201D. Apesar do baixo orçamento registrado no primeiro semestre, a pasta manteve a previsão de entrega da obra em 2015, três anos depois da primeira data anunciada em 2007.