Kassab explicou a alguns interlocutores que agiu para dar uma resposta política rápida do partido em situação de emergência. Argumentou que a nacionalização da campanha na capital mineira acabou antecipando o embate entre a presidente Dilma Rousseff e Aécio, que é pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial de 2014. E disse que, diante do rompimento repentino da aliança entre o PT e o PSB, teve apenas dez horas para articular uma redefinição do partido no novo quadro.
A falta de tempo para seguir o rito da política, reunindo dirigentes municipais e estaduais, foi a justificativa apresentada para a intervenção. O prefeito entendeu que manutenção da aliança significaria jogar o PSD prematuramente nos braços de Aécio, contra a presidente Dilma. Brant saiu da legenda dizendo que não foi sequer ouvido, o que fez Kátia Abreu dizer ao prefeito que ele abandonou "qualquer resquício de lealdade e respeito devido aos dirigentes". Mas Kassab afirma ter o apoio de quatro dos seis deputados do PSD mineiro.
Depois de divulgar sua carta nesta terça à tarde, a senadora recebeu oito telefonemas de deputados federais, prestando-lhe solidariedade contra o método arbitrário do prefeito. Aos que lhe cobraram o aviso prévio sobre a carta, manifestando desejo de aderir ao protesto, disse que não avisou a ninguém porque "não queria promover um motim, e sim fazer uma declaração de princípio".
De qualquer forma, até mesmo parlamentares mais próximos de Kassab entendem que ele não terá como escapar à reunião da executiva. Tanto é assim que os que se intitulam bombeiros desta crise não trabalham contra a ideia de levar a questão à direção partidária. Tentam apenas ganhar tempo para acalmar os ânimos e contornar o problema, evitando um levante contra o prefeito. Eles não escondem o temor de fazer um encontro de dirigentes no calor da intervenção.
O que mais preocupa é a reação da senadora, que diz abertamente que não se conforma com "essa truculência típica de um feitor". Kátia argumenta que uma medida dessa natureza não se decide "trancado em um quarto de hotel". Só seria aceitável uma intervenção decidida democraticamente, em reunião de emergência da executiva nacional. "Foi vergonhoso. Se fosse em cima de mim no Tocantins, me obrigando a coligar com o PT, seria a desmoralização total", diz a senadora.