Costa enumerou uma série de fatos que, segundo ele, apontam para a quebra de decoro parlamentar. Citou o fato de o senador dizer que desconhecia que Cachoeira havia sido indiciado na CPI dos Bingos, da qual foi integrante, por seis crimes. De ter deixado "dormitando" por dois anos o projeto que criminaliza os jogos de azar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), durante sua presidência.
"Se isso não for utilizar o mandato para atender os interesses de um contraventor, o que será então?", questionou. O relator do conselho disse ainda que Demóstenes defendeu causas caras ao contraventor em vários órgãos federais e estaduais, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No ponto mais atacado durante o pronunciamento, Costa criticou a defesa por desdenhar o fato de Demóstenes ter recebido um aparelho Nextel de Cachoeira. "Não é aceitável, sob nenhuma hipótese, que o senador tenha suas contas pagas por quem quer que seja, ainda mais de um notório contraventor", disse, lembrando que o telefone fora dado a um grupo seleto de integrantes da organização criminosa.
O relator do conselho disse que não é normal nem aceitável mentir para a sociedade brasileira. Era uma referência a um dos discursos feitos por Demóstenes, segundo o qual as palavras da tribuna são invioláveis.
Costa questionou o fato de o senador ter considerado o relatório dele uma peça de ficção. Ele lembrou que ficção era, sim, o fato de os mais de 300 telefonemas, na defesa feita no dia 6 de março por Demóstenes, serem feitos apenas para cuidar do caso de separação da atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, do seu suplente, Wilder Morais. O relator disse que não há uma referência a esse assunto nas conversas.
"A nós cabe responder em nome do povo, para aqui fazer justiça, ainda que isso nos constranja", afirmou, no final do pronunciamento. O relator disse que não espera eclodir aplausos e vivas após o julgamento. Mas finalizou: "A voz rouca das ruas em todo o Brasil vai dizer que a democracia vale a pena".