O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) foi cassado, nesta quarta-feira, por maioria absoluta do senadores. Por 56 votos favoráveis, 19 contra e cinco abstenções, Demóstenes perdeu o mandato parlamentar. Com a decisão dos senadores, Demóstenes ficará inelegível por oito anos, contados a partir do fim do mandato para o qual foi eleito. Dessa maneira, ele só poderá concorrer a um cargo político em 2027.
Demóstenes foi cassado após quatro meses de denúncias graves sem explicações convincentes, pedidos públicos de perdão e sete discursos seguidos, desde a última semana, para tentar salvar o mandato. O senador goiano é acusado de usar o mandato para defender os interesses do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado.
Nesta quarta-feira, Demóstenes esteve do outro lado. Deixou de ser algoz e passou a ser acusado. Entrou completamente enfraquecido em um plenário composto por algumas de suas vítimas. Nessa terça-feira, o sentimento entre os senadores nos corredores da Casa era de que não haveria escapatória.
O senador goiano deixou o Senado após nove anos e meio de mandato pela porta dos fundos, apesar dos apelos emocionais que fez da tribuna do Senado. Demóstenes experimentou o resultado da chamada "máquina de moer reputação", termo utilizado por ele mesmo para classificar o bombardeio de ataques que enfrentou nos últimos dias.
Sabendo da dificuldade extrema, numa última cartada para sensibilizar os seus pares na véspera da votação, o senador resolveu atacar em duas frentes. Enquanto falava mais uma vez para um plenário vazio em tom emocional, os seus advogados batiam de gabinete em gabinete. Entregaram a todos os senadores um memorial com os principais pontos de sua defesa.