O fiel escudeiro do prefeito Marcio Lacerda (PSB) na Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Tarcísio Caixeta (PT), deixou nessa quarta-feira o cargo de líder de governo. Apesar da pressão do partido para que ele abandonasse o posto logo após o rompimento dos petistas com os socialistas, Caixeta esperou o encerramento do semestre e a aprovação dos projetos de interesse do Executivo para renunciar. O vereador Ronaldo Gontijo (PPS) é o mais cotado para assumir a vaga. Os nomes dos vice-líderes, Bruno Miranda (PDT) e Daniel Nepomuceno (PSB), também estão sendo cogitados.
Além de Caixeta, já deixaram o governo de Lacerda a secretária adjunta de Assistência Social, Elizabeth Leitão; a secretária adjunta de Planejamento Urbano, Gina Rende; o secretário de Políticas Sociais, Jorge Nahas; a secretária de Educação, Macaé Evaristo; o secretário municipal de Infraestrutura e Obras, Murilo Valadares, e o secretário de Planejamento, Orçamento e Informação, Paulo Bretas. A exoneração deles, todos ligados ao PT, foi publicada na terça-feira no Diário Oficial do Município.
Caixeta contou que desde quinta-feira passada está tentando marcar uma reunião com o prefeito, mas só conseguiu um horário na agenda de Lacerda ontem pela manhã. “Tivemos uma conversa tranquila, pedi a ele que me liberasse da função. Expliquei a situação, agradeci a confiança e ele também me agradeceu”, contou. O político anunciou a sua saída no Twitter, às 16h. “Ex-líder de governo na CMBH, agradeço a confiança, respeito e apoio no exercício da função. Sigo com meu partido, Patrus prefeito. Abraços a todos”, escreveu.
Na última sessão na Câmara, na segunda-feira, enquanto os petistas anunciavam a guerra contra o prefeito, Caixeta defendia as propostas encaminhadas por ele à Câmara. “Um projeto que era bom não pode ficar ruim”, disse o parlamentar em plenário diante das críticas dos colegas de partido à proposta aprovada que prevê a construção do Centro de Convenções no Bairro União, na Região Nordeste.
As relações entre a bancada petista no Legislativo e o prefeito já estavam balançadas quando Caixeta foi convidado a assumir a liderança, em dezembro de 2010. Ele entrou na Casa no lugar do representante de Lacerda que o antecedeu, Paulo Lamac (PT), que venceu as eleições a deputado estadual. Os parlamentares do PT não viram com bons olhos a indicação, já que o partido havia se manifestado que não queria permanecer na liderança.
Novo líder
Nos bastidores, a informação é de que o primeiro secretário da Câmara, Ronaldo Gontijo (PPS), amigo pessoal de Lacerda, representará o Executivo nos próximos cinco meses de mandato. Se confirmar, essa não será a primeira vez que o parlamentar vai acatar um pedido do prefeito. Em 2009, Ronaldo Gontijo foi chamado para assumir a vice-liderança e, dois anos depois, o prefeito pediu a ele que assumisse um cargo na mesa diretora, para ajudar nas articulações do Executivo.
Mas a amizade começou antes dessa época, quando Lacerda tinha uma empresa no Barreiro, onde mora o vereador. Eles conviveram muito durante a campanha de Ciro Gomes à presidência, quando trabalharam juntos. “Estou à disposição dele, independentemente de ser chamado para a liderança”, ressaltou Ronaldo Gontijo acrescentando que não recebeu o convite. Outra possibilidade que está sendo ventilada nos corredores da Câmara seria a de o prefeito nomear um dos atuais vice-líderes, Daniel Nepomuceno ou Bruno Miranda, para assumir o cargo deixado por Caixeta.
FIm do voto secreto
O Diário Oficial do Município publicou ontem a Emenda à Lei Orgânica nº 25/12, que prevê votação aberta na Câmara Municipal de Belo Horizonte para os dois casos até então protegidos na Casa: a de vetos do prefeito a projetos de lei e a de cassação de mandatos. A proposta foi aprovada em segundo turno no dia 3, depois e pressão da população no plenário e nas redes sociais.