Além da LDO, o Planalto se preocupa com a possibilidade de um revés em duas medidas provisórias editadas para ampliar o programa Brasil Maior – um pacote de incentivos fiscais desenhado para reforçar o setor produtivo diante da crise econômica internacional. Se a LDO for aprovada até o dia 17, as duas MPs ganham uma sobrevida até 15 de agosto. Se o recesso não começar, elas caducam no dia 1º. Caso isso ocorra, será a primeira vez, desde o início da crise financeira de 2008, que o Congresso deixaria de aprovar uma ação do Executivo para contornar a turbulência externa.
Para tentar forçar o comparecimento de parlamentares da base na próxima semana e evitar novas obstruções, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), marcou sessões para a segunda-feira à tarde e para a terça, já a partir da manhã. “As questões administrativas serão consideradas, mas na segunda e na terça-feira não serão aceitas justificativas, a não ser aquelas que são imprescindíveis”, advertiu Maia. Os partidos de oposição pressionam para o governo liberar cerca de R$ 60 milhões em restos a pagar. Na quarta-feira, Ideli pediu um prazo de 20 dias para pagar o montante “para atender o trâmite burocrático, não dá para assinar um cheque e depositar na conta”, explicou um assessor da ministra.
Sem sucesso
O líder em exercício do DEM, Ronaldo Caiado (GO), manteve a exigência do partido pela liberação dos recursos até a próxima terça-feira. “A questão aqui é que o governo está usando o Orçamento como ferramenta de campanha eleitoral”, reclamou Caiado. “Não estamos atrás de novas promessas, mas do cumprimento de um acordo que foi feito.” De acordo com o deputado Felipe Maia (DEM-RN), o Planalto negocia desde abril a liberação de emendas para a bancada.
A manobra da oposição conta também com a ajuda de partidos “independentes”, como o PR. “O governo quebrou compromissos assumidos ao não liberar uma série de emendas”, reclamou o líder da legenda na Câmara, Lincoln Portela (MG). “O mais grave ainda é que não há sinalização de que os empenhos serão realizados”, afirmou o líder.