Nesta sexta-feira pela manhã, a corregedoria divulgará nota detalhando como será investigada “eventual falta funcional” do ex-parlamentar, que pode levar até à sua expulsão dos quadros do Ministério Público. Demóstenes estava licenciado do cargo de procurador de Justiça havia 13 anos. Com a publicação da sua cassação no Diário Oficial do Senado, a licença foi suspensa. No novo emprego, ele mantém o foro privilegiado por prerrogativa de função e será chefiado pelo irmão, o procurador-geral de Justiça do MPGO, Benedito Torres. Por meio da assessoria de imprensa, o senador cassado informou, ontem à tarde, que não iria falar sobre o assunto.
A Corregedoria do Ministério Público também está apurando o suposto envolvimento de Benedito Torres, com o grupo de Carlinhos Cachoeira.
O ex-senador afirmou, no Twitter, que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reaver o mandato. Por isso, trocou de advogado, mas não revelou o nome do novo defensor. “No momento oportuno eu falo", esquivou-se.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou a postura adotada pelo ex-colega em relação ao recurso para suspender a cassação. "É uma decisão em vão. Não creio que o Supremo promova uma invasão de competência. O julgamento que ocorreu foi político. É diferente do julgamento que ocorre no Poder Judiciário. Não cabe ao STF interferir no processo feito aqui, que respeitou todos os trâmites regimentais e constitucionais. Há absoluta transparência e legalidade no ato do Senado Federal."
Sanguessugas
Demóstenes utilizou o Twitter depois de muito tempo para atacar o senador Humberto Costa (PT-PE), relator do pedido de cassação no Conselho de Ética. "Onde estão as provas dessas relações promíscuas? São as mesmas que o senhor sofreu no escândalo dos sanguessugas?", questionou. Pouco antes, ele havia postado que estava de volta ao Twitter para conversar com os seguidores. "Vamos voltar a conversar aqui. Falar de música, literatura, política. A esquerda me tirou o mandato, mas não a coragem." Na manhã de ontem, funcionários começaram a esvaziar o gabinete do ex-senador goiano. A faxina durou o dia inteiro.
O ex-parlamentar foi cassado por 56 votos a 19. Houve ainda cinco abstenções. Dos 81 senadores, apenas Clovis Fecury (DEM-MA) faltou à sessão. Ele informou que resolvia problemas particulares no Maranhão. Para ser cassado, eram necessários 41 votos. Demóstenes é o segundo senador da história a perder o mandato em plenário – o primeiro foi Luiz Estevão, em 2000. Com a cassação, o ex-senador goiano teve os direitos políticos suspensos por oito anos, a contar do fim do mandato parlamentar, que se encerraria em 2019. Portanto, ele fica inelegível até 2027.
Contraventor briga por R$ 7,6 milhões
O bicheiro Carlinhos Cachoeira e seu ex-cunhado Adriano Aprígio de Souza, apontado como principal testa de ferro do contraventor, tentam receber R$ 7,6 milhões da Eletrobras, por meio de títulos considerados prescritos pela própria estatal. Cachoeira encabeça uma ação na Justiça Federal em Brasília em que são listados mais sete supostos credores da Eletrobras. O grupo – representado pelo advogado de Cachoeira na área tributária – tenta receber, ao todo, R$ 54,8 milhões da estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Transcrições de conversas telefônicas usadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Monte Carlo mostram tentativas do grupo do bicheiro de obter vantagens no ministério, inclusive com uma suposta interferência do ex-senador Demóstenes Torres.