Até o momento, no entanto, a CPI não considera as gravações da PF suficientes para colocar Wilder no alvo das investigações da comissão. O presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou ontem que ainda não tinha ouvido os grampos. “Não posso dizer se sou contra ou a favor da convocação. A CPI voltará a se reunir na primeira sexta-feira após o fim do recesso parlamentar (de 17 de julho a 1 de agosto). Se apresentarem um requerimento de convocação, vamos apreciá-lo.”
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor da representação que deu início ao processo de cassação de Demóstenes, disse estar claro que Wilder mantém uma relação pessoal com o empresário. "Ele toma posse sob forte suspeição. São razões que merecem atenção especial da CPI e do Senado. Se eu fosse ele, começava utilizando a tribuna e explicando qual o nível das suas relações com o Cachoeira." Para o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), as explicações serão "inevitáveis" se ficar comprovado que o suplente de Demóstenes compartilhava da "intimidade" do empresário.
"O fato de ter sido indicado para a suplência pelo Cachoeira é uma suspeição evidente. Não acho justo prejulgar, mas os fatos falam mais alto. Na hora que você toma posse, se submete à luz do sol. Se você tiver razão, não derrete."
Ainda que haja um movimento, sobretudo da base aliada, para tentar jogar Wilder na alça de mira das apurações, ele poderá dizer que não era senador quando os grampos foram feitos – argumento frequente de parlamentares em casos de detecção de irregularidades. Entretanto, integrantes da CPI já elaboraram o contra-argumento caso Wilder apresente alegação semelhante. “O decoro parlamentar, cobrado ao senador, deve se estender ao seu suplente, uma vez que a condição dele é a de quem está na expectativa de assumir o mandato”, decretou o senador Randolfe Rodrigue (PSOL-AP).