Trechos de um relatório do Núcleo de Inteligência da Polícia Federal contém evidências de envolvimento do governador de Goiás Marconi Perillo, com o esquema da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira, diz reportagem publicada na revista Época desta semana.
Conforme a reportagem, o exame dos diálogos interceptados fez a Polícia Federal, baseada em fortes evidências, concluir que, assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a Delta fecharam, diz a PF, um “compromisso”, com a intermediação do bicheiro Carlinhos Cachoeira: para que a Delta recebesse em dia o que o governo de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo. A PF também concluiu, segundo a reportagem, que o primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava, que ele queria vender o imóvel e receber uma “diferença” de R$ 500 mil. Houve regateio, mas Cachoeira e a Delta toparam. Pagariam com cheques de laranjas, em três parcelas, conforme o texto.
A PF também chegou a conclusão de que Perillo recebeu os cheques de Cachoeira; o dinheiro para os pagamentos - efetuados entre março e maio do ano passado - saía das contas da Delta, era lavado por empresas fantasmas de Cachoeira e, em seguida, repassado a Perillo. Ato contínuo, o governo de Goiás pagava as faturas devidas à Delta.
Ainda segundo a reportagem, a PF concluiu que a Delta entregou a um assessor de Perillo a “diferença” de R$ 500 mil e que a direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos.
Perillo preferiu não prestar esclarecimentos à Revista. Em nota, limitou-se a dizer que “prestou, por meses a fio, todos os esclarecimentos solicitados pela imprensa, pela sociedade e pela CPI”. Na nota o governador Marconi Perillo informa que, considerando já devidamente esclarecidos os assuntos de fato relevantes, não se pronunciará mais a respeito de questões atinentes a sua vida privada, reservando essa providência, como é natural, unicamente para os assuntos relacionados a suas atividades como governador do Estado”.