Já as votações da reforma política e das propostas que revisariam as dívidas dos estados com a União pouco avançaram no Congresso. A primeira foi tratada em uma comissão nos primeiros meses do ano e foi considerada uma prioridade para este semestre, mas deu em nada. As polêmicas sobre o financiamento público de campanha e mudanças no sistema eleitoral do país ficaram só nas discussões entre parlamentares e não chegaram a ser votadas. A segunda também foi discutida em uma comissão especial e várias propostas foram apresentadas, mas nenhuma ganhou o apoio necessário dos parlamentares. “O endividamento dos estados teve espaço na comissão e foi apresentado um relatório com algumas propostas para serem discutidas no segundo semestre. O grupo estimulou a discussão e uma definição pode vir a partir dessas propostas”, explicou o presidente da Câmara.
De fevereiro até julho, duas propostas polêmicas foram levadas ao plenário. A Lei Geral da Copa, aprovada em maio, e o Código Florestal, que dividiu ambientalistas e ruralistas durante todo o semestre. Na semana passada, a comissão mista criada para analisar a medida provisória (MP) que modificou o texto aprovado no Congresso votou um relatório pela aprovação da matéria em plenário, mas os embates entre os dois grupos continuou marcando as discussões sobre o tema. “O código é uma questão polêmica que foi aprovada pela Câmara e representou um avanço para a área. Ainda temos questões a serem resolvidas, que foram vetadas pela presidente Dilma Rousseff (PT) e encaminhadas por meio de MP, mas as conversas estão avançadas”, garantiu Marco Maia.
Sem data O fim do 14º e do 15º salários para deputados federais e senadores também entrou na lista de projetos que receberam grande apelo popular mas acabaram deixados mais para frente. Neste caso, foi na Câmara que o projeto empacou. A proposta que extingue o benefício de R$ 26,7 mil pago duas vezes por ano para cada parlamentar foi aprovada no Senado no início de maio. Os senadores chegaram a pedir agilidade dos colegas de Congresso para que a nova regra entrasse em vigor, mas ela não foi priorizada e não tem data para ser votada.
Apesar da grande mobilização popular para que o tema fosse levado em plenário ainda neste semestre e de a maioria dos parlamentares ter declarado apoio ao fim da regalia, lideranças da Casa admitiram assim que o projeto chegou que não seria colocado em primeiro plano. “Não estamos com pressa para tratar desse assunto”, afirmou o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO). E a posição foi reforçada pelo líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP): “Não vamos tratar sobre isso tão cedo”.
Outro projeto que, apesar de receber apoio de organizações civis e movimentos de combate à corrupção não decolou neste semestre foi a chamada Lei Anticorrupção (PL 6826/10). Por falta de acordo, a votação da proposta que prevê punições às empresas favorecidas por desvios de recursos públicos e determina o ressarcimento de prejuízos causados por atos de improbidade foi adiada duas vezes na comissão especial criada para analisar o assunto. A lei desagradou alguns setores empresariais. Eles afirmaram que a regra não exigiria a comprovação de que uma determinada empresa teria ordenado a prática do delito para ser punida. A proposta não tem data marcada para ser apreciada na Câmara.
EM COMPASSO DE ESPERA
Lei anticorrupção
Projeto prevê punições às empresas favorecidas por desvios de recursos públicos e determina que elas ressarçam o que foi roubado.
Fim do 14º e do 15º
Proposta acaba com os salários extras que os deputados e senadores recebem anualmente. Já passou no Senado, mas empacou na Câmara.
Royalties do petróleo
Projeto faz uma redivisão dos recursos gerados com a exploração de petróleo. Hoje, os grandes beneficiados são o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, estados ditos produtores.
Royalties do minério
Proposta prevê uma revisão da Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), que é paga pelas mineradoras, beneficiando estados como Minas e o Pará.
Reforma política
Existem várias propostas que estão sendo discutidas no Congresso, como financiamento público de campanha e mudanças no sistema eleitoral.
PEC 300
Proposta de emenda constitucional estabelece o piso salarial nacional para policiais militares e bombeiros, uma antiga reivindicação da categoria.
Dívida dos estados
Várias propostas foram apresentadas para reduzir o atual endividamento dos estados com a União, mas nenhuma foi à frente por falta de consenso.
Enquanto isso...
...MINAS DÁ EXEMPLO
O Congresso ainda resiste à aprovação da proposta que acaba com o 14º e o 15º salários para deputados e senadores, mas na Assembleia Legislativa de Minas o fim dessa regalia já é realidade. Na semana passada, os parlamentares mineiros aprovaram o fim do chamado auxílio-paletó, que era pago duas vezes por ano. Também acabaram com o pagamento de jetons por comparecimento em sessões extraordinárias. Com a extinção do auxílio-paletó, haverá uma economia aos cofres públicos de pouco mais de R$ 9 milhões por legislatura. A medida tomada pela Assembleia tem efeito cascata, pois acaba também com o mesmo privilégio que é recebido pelos vereadores de BH e secretários.