O viaduto interliga a Avenida Governador Carvalho Pinto, na Penha, à Avenida Educador Paulo Freire e à Rodovia Fernão Dias, na Vila Maria, zona norte, em sentido único. É uma das 23 pontes e viadutos sobre a Marginal. O nome foi dado ao viaduto no dia 29 de julho de 1981. Em seu decreto daquela data, Reynaldo de Barros considerava a “efetiva participação do general no movimento revolucionário de 1964” para prestar a homenagem.
Na época da aprovação do projeto pela Câmara, o atual presidente José Police Neto, destacou que há uma demanda da sociedade pela alteração de nomes do período militar que não poderia mais ser ignorada pelos vereadores. “Não podemos nos furtar a esse debate.”
Mas a proposta é polêmica. O engenheiro Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975), encontrado enforcado nos porões da ditadura, por exemplo, é contra a alteração. “Não devemos apagar nomes ruins.” Ele defende que opositores daquele regime virem logradouros, como o jornalista Perseu Abramo (1929-1996).
Mas não é uma ação sem importância nomear um endereço. Por isso, só figuras de projeção histórica e social devem inspirar homenagens. É o que diz a historiadora Maria Aparecida de Aquino professora da Universidade de São Paulo (USP). “Esse general é uma figura sobre a qual pairam extremas dúvidas. Na época, quando a ditadura perdia força, parte da sociedade questionava se o viaduto devia receber o nome, pela relevância e pelos aspectos da sua contribuição.”
Já a professora Amélia Teles, da comissão de familiares de vítimas da ditadura, diz que as denominações devem ser trocadas, desde que se preserve em um ponto o nome antigo. “Devem pôr uma placa explicando que a via tinha outro nome e foi mudado porque tal pessoa foi parte da repressão que matou, estuprou e ocultou cadáveres.”
“Miltinho” morreu de ataque cardíaco em junho de 1981, quando comandava o 2.º Exército. Mas uma praça na Vila Maria, zona norte, ainda deve conservar o seu nome. Só resta saber até quando.