Caciques do PSDB decidiram, em conversas reservadas, que vão insistir na estratégia pública de defender que a cúpula petista da CPI do Cachoeira está direcionando as investigações para manter o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, no foco da comissão. Mas, em privado, já admitem que não vão se opor a uma eventual nova convocação e até mesmo ao eventual indiciamento do governador pela CPI.
O relatório da Polícia Federal que aponta Perillo como tendo firmado um "compromisso" com a Delta Construções, com a intermediação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, dificultou ainda mais uma defesa intransigente do governador. "As provas são robustas", admitiu um cacique tucano à Agência Estado.
"Nada contra a convocação, não seremos obstáculo à convocação. Mas a pergunta é: convocar para quê? Para repetir as mesmas perguntas e ouvir as mesmas respostas?", questionou o líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR), nesta segunda à tarde.
Para ele, a eficácia do novo depoimento é questionável porque o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (SP), já sinalizou que há elementos para sugerir o indiciamento de Perillo ao final dos trabalhos. Pelas entrevistas concedidas até então, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), também tem sinalizado que deve indiciar o governador por envolvimento com Cachoeira. O tucano sustenta que o indiciamento é mais "político", uma vez que a PF está mais avançada na investigação e a CPI não tem nada, até o momento, para contribuir no esclarecimento do caso.
Alvaro Dias vai conversar esta segunda à noite com o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), sobre a situação de Perillo. Mais cedo, por meio da assessoria de imprensa, Guerra disse esperar que o governador de Goiás esclareça esta semana as novas acusações divulgadas pela revista Época deste final de semana.