Eleita deputada estadual pela primeira vez com 43 mil votos, a maioria deles vindo de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Liza Prado (PSB) decidiu expandir suas fronteiras eleitorais provocando a ira de alguns parlamentares e integrantes do seu partido. Essa não é a primeira vez que a disputa por eleitores provoca desavença entre políticos. Vira e mexe os parlamentares se queixam da invasão das bases por secretários de estado com pretensões eleitorais (em muitos casos eles são deputados licenciados). Dessa vez, a reclamação vem de filiados do próprio PSB.
É que a deputada, que na eleição de 2010, teve 2 mil votos em Contagem, está fazendo campanha na cidade, terceiro maior colégio eleitoral do estado, para candidatos de outras legendas. Liza apoia o deputado estadual Carlin Moura, principal adversário na disputa do deputado Durval Angelo (PT), que tem como vice um representante do PSB, o vereador Leo Antunes. Ela também está em franca campanha para a eleição de seu filho, Paulo Prado, candidato a vereador pelo PCdoB.
Além disso, desde que chegou ao Legislativo adotou Contagem como sua base eleitoral. E deu um bocado de trabalho para a prefeitura. Quem anda pelas ruas da cidade se depara muitas vezes com outdoors da campanha empreendida por ela desde o ano passado pela reabertura da Fundação Educacional de Contagem (Funec), uma escola profissionalizante que foi fechada pela prefeitura. Essa também é uma das principais bandeiras de seu filho que, nas eleições de 2008, tentou sem sucesso uma vaga na Câmara Municipal. Na época ele chegou a usar nos cartazes de divulgação de sua candidatura uma foto do tio, Welinton Prado, então deputado estadual, e o mesmo mote dele na campanha para a Assembleia Legislativa: a redução das tarifas de energia elétrica. A tática causou polêmica e foi parar na Justiça Eleitoral. Hoje o cabo eleitoral de Paulo Prado é a mãe. “Não existe porteira em política. Faço campanha e peço votos onde quiser”, desafia a deputada, que vem sendo chamada de forasteira pelos adversários. Para rebater essas críticas, ela alega que já morou em Contagem e que seu filho vive lá.
Ameaçada de expulsão por integrantes do PSB, a deputada disse não temer essa possibilidade. “Não existe partido e nem nada no mundo que possa impedir uma mãe de fazer campanha para o filho”. Além disso, ela alega ter sido impedida de disputar a Prefeitura de Uberlândia, sua base eleitoral, por causa de um acordo fechado entre seu partido e o PT para apoiar a candidatura do deputado federal Gilmar Machado (P). “Já que não me deixaram concorrer em Uberlândia vou fazer campanha em Contagem.”
Procurado pela reportagem Leo Antunes não quis comentar a decisão da deputada. Além de candidato a vice, ele é o presidente do PSB do município. “Falo com você sobre qualquer assunto, mas não sobre a Liza Prado”. Mas a deputada não está sozinha na dissidência em Contagem. Ela conta com o apoio do ex-embaixador Tilden Santiago (PSB), também contrário à presença do PSB na chapa petista.