Jornal Estado de Minas

Dois minutos na TV e muita confusão no PSD

Secretário-geral do PSD, Alexandre Silveira ameaça uma rebelião para impedir que o partido em Minas seja conduzido de forma personalista

Daniel Camargos

O tempo destinado ao PSD na propaganda eleitoral gratuita é de apenas dois minutos e dois segundos, mas o tamanho da confusão no partido é difícil de ser cronometrado e deve se arrastar por muito mais tempo até uma decisão definitiva sobre de qual lado estará a legenda novata. O secretário-geral do PSD em Belo Horizonte e em Minas Gerais, Alexandre Silveira, que é secretário de Gestão Metropolitana do governo de Antonio Anastasia (PSDB), promete fazer uma rebelião no PSD. O discurso de Silveira é voltado, principalmente, contra o presidente da legenda em Minas Gerais, Paulo Safady Simão. “O partido não pode ser conduzido de forma personalista, por uma, duas ou três pessoas. Temos que rever a direção em Minas”, afirma Silveira.

Silveira foi o mentor da ação que gerou a decisão liminar, na noite de segunda-feira, do juiz do Foro Eleitoral de Belo Horizonte Rogério Alves Coutinho, garantindo o apoio à candidatura de Marcio Lacerda (PSB). Entretanto, a direção estadual do partido, com o aval da direção nacional, quer apoiar o candidato Patrus Ananias (PT). “Foi um grande equívoco da Justiça Eleitoral de Minas”, afirma Simão, que disse ontem que recorrerá da decisão.

Silveira, por sua vez, alega que registrou a ata da convenção no prazo legal e que o apoio à candidatura majoritária do PSB e a coligação proporcional com PPS foram aclamados por unanimidade pelo diretório municipal. A convenção do PSD foi realizada em um sábado e no dia seguinte o PT rompeu com Lacerda, decidindo pela candidatura própria. No dia seguinte, uma segunda-feira, de acordo com Silveira, o PSD reafirmou o apoio a Lacerda, em um encontro à noite no gabinete do prefeito. Porém, ainda segundo Silveira, a intervenção nacional do partido aconteceu sem consultar a base do partido.

Simão, que compactua da decisão de Kassab, discorda de Silveira. Afirma que os deputados federais da legenda foram consultados e que inclusive Silveira que foi eleito deputado, mas é licenciado, pois é secretário estadual, foi convidado a participar da reunião, mas não foi. “Dos cinco deputados, quatro votaram pelo apoio a Patrus”, garante Simão. Para o presidente estadual do PSD, o voto dos deputados federais é o mais importante, pois foi por causa da bancada federal que o partido conseguiu o tempo de televisão.

Brutalidade

A rixa entre os dois segue forte. Silveira considera a atitude da direção nacional do partido de apoiar Patrus um ato de “brutalidade e cheio de irregularidades”. Ele entende também que a atitude prejudicou o partido, que, coligando proporcionalmente com o PPS, teria três candidatos a vereador. Na coligação com o PT teria apenas um. “A senadora Katia Abreu e o ex-deputado federal Roberto Brant são testemunhas do que digo”, garante Silveira. Kátia já manifestou sua indignação e chegou, inclusive, a receber convite do PMDB. Brant saiu do partido.

Depois do rompimento, Silveira acredita que sua atitude contribuirá para o partido. “A tentativa da direção nacional foi dar uma satisfação daquilo que eles prometeram para o governo federal”, avalia. Ele engrossa o tom e quer que Simão e Kassab revejam as posições. “Do mesmo jeito que refluíram saindo do Lacerda para o Patrus, podem voltar”, afirma. Sobre Simão também diz: “Acho nobre a missão dele de fazer política empresarial, mas, se ele entendesse de política partidária, não teria feito as agressões que fez”. Silveira diz também que o partido não tem coragem de expulsá-lo e que recebeu 200 mil votos na última eleição.

Simão afirma que tem orgulho de ter construído a vida fazendo política empresarial e que a coligação foi desfeita porque o PSB rompeu com o PT. “É difícil domar todas essa feras. Inclusive as feras do bem e do mal”, afirma. Por fim resumiu: “Esse guerra toda é por causa do tempo de televisão”.