O ex-secretário municipal de Serviços Urbanos de Montes Claros, João Ferro, que foi detido temporariamente na “Operação Laranja com Pequi”, deflagrada pela Polícia Federal e Ministério Público Estadual, em 26 de junho passado, por suspeita de envolvimento em fraude em licitação para fornecimento da merenda escolar no município, negou qualquer participação na concorrência. Ele também disse que nunca teve nenhuma ligação com a empresa Stillus, investigada pela suspeita de fraudes em licitação para fornecimento de alimentação para presídios e da merenda escolar na cidade-polo do Norte de Minas.
Ele disse que fez o pedido do pagamento dos R$ 200 mil, fazendo referência a parte a ser paga de um terreno que foi vendido a empresa pelo empresário do setor hoteleiro e ex-candidato a deputaado federal Wilson Cunha, para quem presta serviços. “Fui secretário de Serviços Urbanos, mas sempre fiz uma separação entre minhas atividades na prefeitura e o meu trabalho como corretor de imóveis, que nunca deixei de exercer", garantiu João Ferro.
Na representação do Ministério Público Estadual encaminhada à Justiça, João Ferro é apontado como um dos articuladores da licitação da merenda escolar em Montes Claros, na qual, segundo o MPE, a Stillus foi favorecida. “Mas, nunca tive nenhum envolvimento com a licitação da merenda. Nunca tive nenhuma ligação com essa suposta (sic) empresa”, afirmou o ex-secretário, que, ao lado de seus advogados, disse que abriu o seu sigilo bancário e telefônico para qualquer investigação.
De acordo com o Ministério Público Estadual, a Stillus teria sido favorecida ao adquirir um terreno em área nobre de Montes Claros, que pertencia ao Município e, segundo a investigação, foi vendido por cerca de R$ 1,2 milhão abaixo do valor de mercado. O MPE aponta que João Ferro teria participado da transação e que o terreno foi vendido por uma empresa do irmão dele, o vereador José Ferro (PSC). “Mas, a minha empresa não fez nenhum negócio com a Stillus. O que aconteceu é que o meu irmão afixou o telefone da firma dele em um muro no terreno negociado com a empresa, mas, na verdade, foi anunciando a venda de um lote no fundo do imóvel”, alegou o ex-secretário.
Ele admitiu que, conforme escuta telefônica, solicitou doação de 5 mil de combustíveis para uma empresa em nome do vereador Athos Mameluque (PMDB), que também foi detido na operação da PF e do MPE. “Mas, a empresa não era a Stillus e foi em tom de brincadeira. Além disso, o fato não se consumou”, alegou.
Vereador também nega envolvimento em fraude e diz que pedido foi brincadeira
Na manhã desta quarta-feira, o vereador Athos Mameluque (PMDB), que também foi detido durante a “Operação Laranja com Pequi”, por suspeita de envolvimento com fraude em licitação para fornecimento da merenda escolar no município, vencida pela Stillus, concedeu entrevista coletiva e negou qualquer participação da concorrência. Ele também negou que tenha articulado a aprovação de projetos na Câmara Municipal para viabilizar a terceirização da merenda e favorecer Stillus.
“Não tenho nenhuma ligação com essa empresa. A terceirização é uma decisão do Executivo. Não depende de projeto na Câmara Municipal”, argumentou Mameluque, que negou ainda que tivesse articulado a votação de projeto no Legislativo para favorecer a venda de um terreno em área nobre da cidade para a Stillus, conforme consta em representação do Ministério Público Estadual (MPE).
Athos Mameluque alegou ainda que a conversa gravada em escuta telefônica, em que o ex-secretário municipal de Serviços Urbanos, João Ferro, pede ao representante de uma empresa a doação de 5 mil litros de combustíveis para a sua campanha foi feita apenas em “tom de brincadeira”. “Além disso, o fato não se concretizou. Portanto, não houve crime”, disse o vereador, negando ter apresentado emenda para favorecer a empresa, que comprou um terreno para a construção de um conjunto habitacional [Nova Suiça] na cidade, dentro do Programa “Minha Casa, Minha Vida”.