O agente federal Wilton Tapajós Macedo, assassinado a tiros no cemitério de Brasília nesta terça, atuou na linha de frente das investigações que desarticularam a máfia que explorava caça-níqueis e jogos de azar em Goiás. Coube a ele acompanhar ações de Lenine Araújo de Souza, um dos principais auxiliares do bicheiro Carlinhos Cachoeira, e também de policiais militares e civis, que faziam parte da organização criminosa desmantelada pela Operação Monte Carlo.
Os autos da Monte Carlo mostram que Tapajós registrou a liberação de máquinas apreendidas no Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Luziânia (GO), cidade goiana a cerca de 60 quilômetros de Brasília, além de ter monitorado encontros de Lenine e outros membros da quadrilha. Entre eles estão o delegado da Polícia Civil de Goiás, Hylo Marques, então titular da delegacia em Águas Lindas de Goiás, e Anderson Aguiar Drumond, auxiliar administrativo e chefe da divisão de serviços gerais da PF.
Sob o comando do delegado Matheus Mella Rodrigues, Tapajós trabalhou com outros seis agentes no monitoramento das interceptações telefônicas e dos e-mails dos principais denunciados na operação. O agente estava em horário de serviço quando foi assassinado - por volta das 15h, com dois tiros na nuca, à queima roupa, em frente ao túmulo dos pais e esse é mais um argumento pela federalização das investigações. O enterro está previsto para a manhã desta quinta-feira.
O crime foi testemunhado por um jardineiro e um coveiro, que prestaram depoimento nesta quarta. Uma terceira testemunha, ainda não localizada, teria ouvido o autor dos disparos proferir uma frase intrigante: "Isso é pelo nosso irmão". A polícia não localizou essa testemunha, mas faz um apelo para que as pessoas que tenham algo a acrescentar colaborem, tanto na localização dos criminosos, como do veículo da vítima, levado por um deles.