Moradora de Valparaíso, cidade situada a 39 quilômetros de Brasília, a atendente de churrascaria Ana Paula Pinheiro da Silva, de 31 anos, lembra que, na última eleição para prefeito, votou em uma pessoa que vive há muitos anos na cidade e é conhecida pela população. O prefeito não cumpriu a promessa de asfaltar a rua onde ela mora e, por isso, Ana Paula disse não o apoiará na tentativa de reeleição.
“Eu me informo com conhecidos e também me guio muito pela minha família. Meu irmão tem acesso à internet, mas não usamos para pesquisar sobre política”, disse ela.
O despachante imobiliário Valdivino Monteiro de Lima, de 58 anos, que também mora em Valparaíso, recorre igualmente aos amigos e parentes em busca de informações sobre os candidatos à prefeitura do município.
Valdivino diz que prefere votar em candidatos que são referência na comunidade. “Escolho pessoas conhecidas, pioneiros”, destaca o despachante.
O estudante Eduardo Carvalho, de 21 anos, mora na Cidade Ocidental, mas tem título de eleitor na vizinha Luziânia, situada a 66 quilômetros de Brasília. Eduardo vai votar este ano em um conhecido de sua família que é candidato a vereador em Luziânia. “Quando os parentes ou amigos conhecem, você tem certa confiança no candidato. Ele já foi eleito uma vez, e acho que fez um bom mandato.”
Estudante da área de informática, Eduardo acessa redes sociais, como o Twitter e o Facebook, e sabe que muitos candidatos têm usado a internet para fazer propaganda. “Acho que as redes vêm sendo usadas mais por eles , para marketing, do que pelos eleitores para trocarem ideia.”
O consultor de vendas Antônio Carlos Alves, de 53 anos, também residente na Cidade Ocidental, a 54 quilômetros da capital federal, também ouve os que estão próximos a ele e acha normal a população decidir o voto com base na propaganda boca a boca.
“São cidades pequenas, onde todo mundo se conhece. Os moradores votam mais na pessoa do que no partido. Quem tem carisma, pode entrar na política local”, diz Antônio Carlos.
A empresária Nilza Cristina da Silva Araújo, de 43 anos, moradora em Valparaíso, diz que não se envolve com eleições por sentir-se decepcionada com a política. Apesar de viver em Valparaíso há 20 anos, Nilza mantém o título de eleitor no Distrito Federal e diz que costuma anular o voto em época de eleições. "Eu costumava acompanhar noticiários e internet para me decidir, mas acho que, mesmo quando se pesquisa a vida do candidato, não adianta. Depois de eleito, ele se corrompe. Não confio mais."
Residente na Cidade Ocidental, o operador de caixa Aluísio Alves da Silva, de 43 anos, gosta de assistir a debates eleitorais. "A gente vê a capacidade do candidato, a desenvoltura dele. É pena que, nas eleições daqui não tenha debate." Aluísio também manifesta desilusão com o cenário político nacional. "Às vezes, você toma todo cuidado para escolher a pessoa certa, e ela decepciona depois."