O relatório menciona as dificuldades para encontrar mortos e desaparecidos nos cemitérios de Vila Formosa e Dom Bosco, no bairro de Perus. Separadas em 1990, 1.049 ossadas estão desde 2001 no Cemitério do Araçá (SP), sem qualquer tipo de exame.
O MP cita os casos de Hiroaki Torigoe, que, apesar da indicação das ossadas, não entrou na pauta da comissão; e Aylton Mortati, cujos restos mortais aguardam a finalização de testes antropológicos e de DNA desde 2010. Cópia do relatório foi enviada a Cardozo, mas ele alegou nesta segunda, por sua assessoria, que seria precipitado se pronunciar sem ouvir a Polícia Federal.
Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais no Rio de Janeiro, grupo formado por familiares de vítimas da ditadura, Vitória Grabois diz que tem faltado vontade política para dar à comissão e seus parceiros melhores condições. "Ela existe desde 1995 e fez muito pouco. No princípio, trabalhou exaustivamente para a indenização de famílias. Mas nunca teve pessoal suficiente para trabalhar (em buscas e identificação), apesar da boa vontade dos integrantes", comentou.
Irmã de Antonio Theodoro de Castro, o Raul, morto na Guerrilha do Araguaia, Maria Eliana Castro elogia o empenho e a qualidade do trabalho dos técnicos encarregados das expedições voltadas à localização de ossadas. Mas reclama que o governo só começou a dar atenção ao assunto após sofrer condenações internacionais.
Em 2010, a Corte Internacional de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) ordenou que o Brasil investigasse e punisse os responsáveis pela matança na guerrilha. "Só foram mexer agora (com os casos), após essas decisões. Os técnicos e a Comissão (de Mortos e Desaparecidos) dependem de ordem política para executar suas funções. Não podem ter verba, se não for autorizado", afirmou.
A PF não se pronunciou nesta segunda. A SDH reiterou que só vai comentar as críticas depois de receber o relatório do MPF.