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Estado de Minas

Cachoeira dará nesta quarta-feira seu primeiro depoimento à Justiça

Integrantes da CPI aproveitarão audiência para buscar dados


postado em 24/07/2012 06:00 / atualizado em 24/07/2012 06:38

Brasília – Preso há 147 dias, o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, dará nesta quarta-feira as primeiras explicações sobre o esquema comandado por ele, que custou o mandato do ex-senador Demóstenes Torres e mobilizou o Congresso em torno de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). O contraventor deixou a Penitenciária da Papuda da manhã de ontem rumo à carceragem da Polícia Federal em Goiás. Cachoeira estará presente na audiência de instrução e julgamento de processo a que responde na 11ª Vara Federal, em sessões marcadas para hoje e amanhã.

Parlamentares que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito criada para apurar as ligações de Cachoeira com autoridades públicas informaram ontem que escalariam representante para acompanhar o depoimento do contraventor à Justiça. Como Cachoeira se recusou a falar quando foi convocado para a CPI, parlamentares pretendem usar as explicações que o bicheiro dará à Justiça para abastecer as investigações do Congresso.

Na primeira fase da audiência, oito réus ouvirão relatos de quatro testemunhas de acusação e 10 de defesa. As testemunhas de acusação são agentes que atuaram nas investigações da Operação Monte Carlo, com o monitoramento de campo e telefônico dos investigados. O objetivo das testemunhas de defesa é delinear a “qualificação” dos acusados, informando dados sobre residência fixa e trabalho e atestando a idoneidade dos réus.


Amanhã, Cachoeira e Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, Lenine Araújo de Souza, Wladmir Garcez, Gleyb Ferreira da Cruz, José Olímpio de Queiroga, Raimundo Washington e Geovani Pereira da Silva, apontados no inquérito como operadores da organização criminosa comandada pelo bicheiro, prestarão depoimento à Justiça. Entre os acusados, Cachoeira permanece preso e Geovani foragido.


 Diferentemente do ocorrido em 31 de maio, quando a defesa de Cachoeira conseguiu uma liminar para suspender o depoimento, a advogada Dora Calvalcanti, que representa o contraventor, afirma que não fará nenhuma tentativa de adiamento. “Só se for a defesa de outros depoentes. Da nossa parte não.” Dora e o advogado Augusto de Arruda Botelho acompanharão Cachoeira.


A audiência deve ser marcada por uma guerra de oratória entre os depoentes e o juiz Alderico Rocha Santos, que assumiu como substituto da 11ª Vara Federal depois que o juiz Paulo Augusto Moreira Lima se afastou do caso, alegando ter sofrido ameaças. Há cerca de um mês Alderico vem se inteirandodos 53 volumes do inquérito para remarcar a audiência interrompida pela liminar obtida pela defesa de Cachoeira.


À época da suspensão do depoimento, os advogados do bicheiro impetraram habeas corpus alegando que o direito de defesa estava cerceado, pois a defesa não pôde falar reservadamente com Cachoeira antes do depoimento. A decisão foi do desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Tourinho Neto, que acatou parcialmente a demanda da defesa de Cachoeira. O desembargador determinou que diligências solicitadas pela defesa fossem cumpridas antes da audiência.


O advogado de Wladmir Garcez, Neiron Cruvinel, explica que orientou seu cliente a não responder perguntas que tenham o objetivo de confirmar informações que constam apenas em escutas telefônicas, pois, ao admitirem que o conteúdo dos grampos correspondem ao contexto reproduzido no inquérito, os próprios réus estarão validando a prova eletrônica. Cachoeira deve ser o primeiro a depor seguido de Lenine, Geovani, Garcez, Olímpio, Dadá, Gleyb e Washington.


Nessa segunda-feira, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) montou esquema de segurança para transferir Cachoeira da Papuda para a carceragem da PF, em Goiânia. A transferência foi feita de carro. Antes de chegar à Polícia Federal, o bicheiro passou por exame de corpo de delito. A família de Cachoeira informou que ele também passou por exames psicológicos, para avaliar quadro de depressão. No início da noite, o Supremo Tribunal Federal negou mais um pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do bicheiro.

 

Bilhete de amor para o bicheiro
A mulher do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, Andressa Mendonça (foto), esteve ontem na sede da Polícia Federal e entregou um bilhete ao marido. No texto, escrito à mão, disse que o amor entre eles é "mais forte que tudo" e que está rezando pelo marido. Pela manhã, em entrevista, Andressa disse que Cachoeira está muito deprimido e há quase um mês passa por tratamento psiquiátrico. Segunda ela, o contraventor está está tomando antidepressivo e ansiolíticos e já emagreceu uns 18 quilos desde que foi preso. “Também estou muito triste e estou tomando antidepressivos”, afirmou.


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