A esposa de Cachoeira, Andressa Mendonça, e o pai, Sebastião Ramos, compareceram à audiência e defenderam o empresário das acusações. “Ele é um Cristo, está sofrendo na mão dos outros”, disse o pai de Cachoeira, insistindo que o processo contra seu filho é uma questão política.
Mesada - O primeiro a depor foi o policial federal Fábio Alvarez, que trabalhou como analista das escutas da Operação Monte Carlo. Ele afirmou que as investigações evidenciaram a existência da organização criminosa chefiada por Cachoeira e que o empresário pagava “mesadas” a autoridades públicas e a civis para manter o esquema.
Alvarez ainda disse que o policial Wilton Tapajós, assassinado na semana passada em um cemitério de Brasília, foi abordado por policiais militares enquanto investigava a quadrilha de Cachoeira. Segundo o depoente, esses militares podem estar ligados ao grupo do empresário goiano.
A segunda testemunha ouvida foi o policial federal Luiz Carlos Pimentel, que confirmou as declarações de Alvarez e deu mais detalhes sobre as investigações e as escutas. Ele negou que o delegado da Polícia Federal Fernando Byron, acusado de vazar informações sigilosas para o grupo de Cachoeira, estivesse infiltrado no grupo por ordem da PF.
Dispensa - Devido ao atraso no cronograma, o procurador Daniel Resende, que atua no caso, acredita que o juiz Alderico Rocha pode dispensar algumas testemunhas – estava previsto o depoimento de quatro testemunhas de acusação e dez de defesa.
O segundo e último dia de depoimentos, com a oitiva dos réus, deveria ocorrer amanhã (25), mas já se considera que as testemunhas podem ser ouvidas até quinta-feira (26).
O processo da Operação Monte Carlo que corre na Justiça Federal em Goiânia tem mais de 80 réus, mas foi desmembrado em duas partes para agilizar a tramitação em relação àqueles que estavam detidos preventivamente. Atualmente, só Cachoeira e Gleyb Ferreira, um de seus assistentes, estão presos.
Os réus presos e que agora respondem em liberdade são Idalberto Matias de Araújo, José Olímpio de Queiroga Neto, Lenine Araújo de Souza, Raimundo Washington de Sousa Queiroga e Wladimir Garcez. Todos foram convocados para depor amanhã. Geovani da Silva, que tem ordem de prisão decretada, está foragido desde a deflagração da Operação Monte Carlo, no dia 29 de fevereiro e não deverá comparecer à audiência.
Além do processo de Goiânia, a Operação Monte Carlo resultou em outros processos no Supremo Tribunal Federal em relação a parlamentares com foro privilegiado, como o então senador Demóstenes Torres. Como ele foi cassado, o processo deverá ser enviado para a Justiça de primeira instância.