Em ação conjunta com a Receita Estadual e a Polícia Militar, o Ministério Público Estadual deflagrou, nessa terça-feira, uma operação com o objetivo de desarticular um esquema de desvio de dinheiro público com a simulação de gasolina para prefeituras do Norte de Minas. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas prefeituras e nas casas dos prefeitos de Mirabela, Bonito de Minas e Itacarambi. Também houve o cumprimento de mandados em quatro postos de combustíveis, situados em Mirabela, Itacarambi e Januária (dois). Ainda existem outros postos suspeitos, que estão sendo investigados. Um deles está localizado em uma cidade da região de Januária. Ninguém foi preso, mas de acordo com uma fonte ligada à operação, pelo menos 10 pessoas são suspeitas de participação ou favorecimento na fraude.
As compras eram simuladas como se estivessem sendo feitas por meio da dispensa de licitação. Ainda não se sabe o montante desviado nem a quantidade de combustíveis envolvida. Essas informações somente serão levantadas após a análise da documentação e do material apreendido durante a operação de3ssa terça-feira, incluindo cupons fiscais e computadores.
Tamanho da fraude
Embora a irregularidade tenha sido descoberta em mais de um município, ainda não existem indícios de que a fraude seja comandada por um mesmo grupo nos diversos locais onde foi identificada. A suspeita é que, em cada um dos locais investigados, as pessoas envolvidas sejam diferentes, repetindo apenas o mesmo “modus operandi”.
Nessa segunda-feira à tarde, o prefeito de Bonito de Minas, José Raimundo Viana (PR), um dos investigados, negou qualquer ligação com a simulação de venda de combustíveis para a prefeitura com desvio de verbas públicas. “Deram busca na minha casa e trataram a minha filha, que está no oitavo mês de gravidez, como se fosse cachorro. Por causa disso, ela teve um princípio de aborto e foi para o hospital”, protestou o prefeito. A reportagem não conseguiu contato com outros prefeitos suspeitos de envolvimento na fraude.
No final de abril, esquema semelhante foi investigado pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Federal em Olhos D´Água, também no Norte de Minas. Na ocasião, foram presos o vice-prefeito de Olhos D'Água, Jeferson Maurício de Mourão (PR); a secretária de Finanças do município, Geizianne Aparecida Dias, filha do prefeito Antônio Dias Net (PP); os servidores municipais Carlos José Dias e Henry Leonardo Alves Dias e os comerciantes José Agostinho Chaves e Simone Freitas Chaves, donos do único posto de gasolina da cidade, onde ,segundo as investigações, a fraude aconteceu. O prefeito Antonio Dias Neto também foi afastado do cargo.