Jornal Estado de Minas

Cachoeira diz que virou "leproso jurídico" durante audiência em Goiás

O contraventor aproveitou para se declarar para Andressa Mendonça, mas se calou quando questionado pelo juiz sobre as acusações de comandar esquema de jogos ilegais

O contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, não comentou sobre as acusações de comandar a exploração do esquema de jogos ilegais em Goiás, durante depoimento à Justiça Federal de Goiânia. A maioria do tempo em que esteve à frente do juiz Cachoeira ficou calado. O réu só se manifestou para fazer uma declaração de amor a Andressa Mendonça, sua atual companheira e para reclamar das acusações. O contraventor se queixou das acusações e disse que está “sofrendo demais” e que virou um “leproso jurídico”. O processo da Operação Monte Carlo, que corre na Justiça Federal em Goiânia, tem mais de 80 réus, mas foi desmembrado em duas partes para agilizar a tramitação em relação àqueles que estavam detidos preventivamente. Atualmente, só Cachoeira e Gleyb Ferreira, um de seus assistentes, estão presos.
Ao ser indagado pelo juiz, Carlinhos Cachoeira disse que “devido às falhas do processo, melhor eu não falar nada”. O silêncio só foi quebrado quando o réu disse que iria se casar com Andressa. “Só queria falar porque o sofrimento é muito grande, e a oportunidade é grande. Ela me deu a nova vida . Eu te amo, tá?”, disse olhando para a companheira que acompanhava da plateia o depoimento. Ainda durante um dos poucos momentos que ele falou, Cachoeira disse que se casaria com Andressa no primeiro dia após ser libertado. Os dois, apesar de morar juntos, ainda não são casados oficialmente.

A audiência do processo judicial da Operação Monte Carlo, que apurou esquema de exploração ilegal de jogos e de corrupção no Cenro-Oeste, começou nessa terça-feira com atraso significativo no cronograma, com depoimentos de apenas duas das 14 testemunhas esperadas. O juiz chegou a pedir que os advogados e procuradores fossem mais objetivos nas perguntas para evitar discussões desnecessárias. Com a dispensa da maioria das testemunhas, o cronograma voltou à previsão inicial e há expectativa de que os trabalhos terminem hoje mesmo.

Das 14 testemunhas convocadas inicialmente – quatro de acusação e dez de defesa – oito foram dispensadas ou não compareceram, todas da defesa. As quatro testemunhas de acusação, que são policiais federais, confirmaram a existência do esquema criminoso comandado por Cachoeira.

As únicas testemunhas de defesa que se manifestaram, Liezer Clementino Ribeiro e Luiz Otávio Vieira da Paixão, limitaram-se a falar da vida pregressa do réu Wladimir Garcez, ex-vereador acusado de ser o elo entre o grupo de Cachoeira e a política local.

Os advogados dos réus ainda insistiram para que o juiz Alderico Rocha autorizasse o depoimento de novas testemunhas, mas ele negou os pedidos. Já depuseram Lenine Araújo de Souza, um dos principais assistentes de Cachoeira, segundo investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público, e Garcez. Gleyb Ferreira, também assistente do contraventor, está depondo.

O processo da Operação Monte Carlo, que corre na Justiça Federal em Goiânia, tem mais de 80 réus, mas foi desmembrado em duas partes para agilizar a tramitação em relação àqueles que estavam detidos preventivamente. Atualmente, só Cachoeira e Gleyb Ferreira, um de seus assistentes, estão presos.

Os réus presos e que agora respondem em liberdade são Idalberto Matias de Araújo, José Olímpio de Queiroga Neto, Lenine Araújo de Souza, Raimundo Washington de Sousa Queiroga e Wladimir Garcez. Todos foram convocadospara depor nessa fase do processo. Geovani da Silva, que tem ordem de prisão decretada, está foragido desde a deflagração da Operação Monte Carlo, no dia 29 de fevereiro e não deverá comparecer à audiência.

Além do processo de Goiânia, a Operação Monte Carlo resultou em outros processos, no Supremo Tribunal Federal (STF), em relação a parlamentares com foro privilegiado, como o então senador Demóstenes Torres. Como Demóstenes teve o mandato cassado, o processo deverá ser enviado para a Justiça de primeira instância.

Com Agência Brasil