Após o convite ao candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, José Serra, nesta sexta foi a vez dos dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE) convidarem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar do ato de início das obras da nova sede da entidade, no Rio de Janeiro. Em um encontro que durou quase duas horas na sede do Instituto Lula, em São Paulo, o ex-presidente não garantiu presença no evento do dia 11 de agosto. "Ele disse que está com muita vontade de ir, mas é uma questão de saúde que se impõe em qualquer agenda que ele marque" explicou Daniel Iliescu, presidente da UNE.
Na última quarta-feira, os dirigentes estudantis convidaram José Serra para o evento, mas o tucano também não confirmou presença. Serra foi presidente da entidade em 1964, época em que o prédio que abrigava a UNE foi incendiado por agentes da ditadura militar. Segundo Iliescu, mais de 30 ex-presidentes da entidade estudantil foram convidados para o ato por "fazerem parte da história da UNE", e independentemente dos vínculos com o movimento estudantil dos convidados, Lula é considerado um "amigo" da entidade e uma figura acima dos que lideraram a UNE. "Lula tem um papel incomparável com qualquer outra liderança que o Brasil produziu neste período", argumentou o dirigente. "A UNE identifica o Lula como uma pessoa fundamental para a história do Brasil e para os avanços na educação, na valorização da nossa gente", completou.
No final de seu mandato, em dezembro de 2010, Lula autorizou a liberação de R$ 40,6 milhões para a construção de uma nova sede da UNE. "Ele foi o presidente que teve a dignidade de reconhecer os crimes cometidos pelo Estado contra a UNE", justificou Iliescu.
Lula recebeu nesta tarde mais de 20 dirigentes da UNE e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) em seu escritório na zona sul da capital paulista. Além do convite ao petista, os estudantes falaram sobre a greve nas universidades federais e sobre a destinação de 10% do PIB para educação, uma das principais bandeiras da UNE. "Ele recomendou que a gente procurasse um diálogo direto com a presidente Dilma Rousseff sobre os 10% do PIB e as políticas de expansão das universidades federais", comentou Iliescu. De acordo com o dirigente estudantil, Lula teria concordado com a proposta de 10% do PIB para a educação num prazo de 10 anos. "Ele tem a impressão de que o governo pode topar caminhar junto com o movimento", contou. Quanto à greve nas universidades federais, Lula teria afirmado aos estudantes que quer que os trabalhadores da Educação sejam valorizados, mas não comentou a proposta encaminhada pelo governo federal.
Política
Horas antes da visita dos estudantes, Lula recebeu a candidata do PP à Prefeitura de Campina Grande (PB), Daniela Ribeiro. A candidata esteve acompanhada de seu irmão, o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades), que veio a São Paulo "reiterar" o apoio do ex-presidente a aliança local.
Em Campina Grande, o PT rompeu com o PMDB do senador Vital do Rêgo, presidente da CPI do Cachoeira, mas prometeu apoio a ele em 2014. Reduto eleitoral da família Rêgo, a cidade é comandada há oito anos por Veneziano Rêgo (PMDB), irmão do senador, com o apoio do PT. Na capital paulista, o PP de Ribeiro e do deputado federal Paulo Maluf apoiam o petista Fernando Haddad.
Na próxima segunda-feira, Lula passará o dia em sessão de fotos com os candidatos a prefeito de cidades com mais de 150 mil eleitores. Devem comparecer mais de 100 candidatos, entre petistas e aliados da base do governo federal, ao encontro que será realizado em um hotel da capital paulista.