Diferentemente do discurso adotado por alguns dos réus e da própria direção petista ao longo de todo o processo, em nenhum momento Falcão afirmou que o mensalão foi um “golpe das elites contra o PT”, mantra adotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o segundo mandato e também após deixar o Palácio do Planalto. Tampouco houve uma conclamação para que a militância petista fosse às ruas com a meta de defender o partido, a exemplo do que fizeram o próprio Lula, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu há alguns meses.
A estratégia uníssona adotada pela direção da legenda na última semana de não incendiar a militância em relação ao julgamento foi decidida para tentar circunscrever ao aspecto técnico o julgamento que será realizado no Supremo a partir de quinta-feira. Segundo fontes ouvidas pelo Estado de Minas, os réus apostam que, se os ministros se ativerem aos autos do processo, as chances de absolvição serão maiores, pois, para eles, a denúncia do Ministério Público Federal é frágil.
Mesmo os ataques ao delator do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) – que será operado hoje para a retirada de um tumor no pâncreas –, foram suaves. Falcão lembrou apenas que foi o ex-deputado que apelidou o escândalo de mensalão. “Sempre afirmamos estar plenamente demonstrado nos depoimentos das testemunhas que não houve compra de votos no Congresso Nacional, tampouco houve qualquer pagamento – nem mensal nem a qualquer título – a parlamentares para votar a favor do governo”, afirmou Falcão. De acordo com o presidente petista, alguns dos projetos citados no inquérito – a denúncia baseia-se na votação das reformas da previdência e tributária – foram aprovados com os votos da oposição.
Rui Falcão ressaltou ainda que não houve, no episódio de capacitação de recursos para pagamentos de dívidas de campanha, dinheiro público ou ilícito. “Foram empréstimos contraídos junto a bancos privados, que já foram quitados pelo partido”, completou.
Por fim, o dirigente petista reconheceu o clima adverso ao partido que envolve o julgamento do mensalão. Mas confia na imparcialidade dos ministros do STF: “A despeito dos que clamam pelo linchamento moral, pela condenação política dos companheiros, nossa expectativa é outra. Esperamos que os ministros do STF, como é da tradição da Corte Suprema, firmem sua convicção e se pronunciem exclusivamente com base nas provas dos autos”, completou.
" A despeito dos que clamam pelo linchamento moral, esperamos que os ministros do STF firmem sua convicção e se pronunciem exclusivamente com base nas provas dos autos "
Rui Falcão, presidente do PT