Delator do mensalão, Roberto Jefferson, antes mesmo de ter diagnosticado um tumor no pâncreas, já havia avisado aos colegas de PTB que evitaria, durante o período em que os ministros do STF estiverem julgando o mensalão, participar de atividades de campanha. Presidente nacional reeleito da legenda, ele tem recebido muitos convites e pedidos para que participe de comícios e carreatas nos municípios em que o partido terá candidatos próprios. A todos, dá a mesma resposta: “Meu amigo, uma foto comigo ao lado, neste momento, não é bom para sua imagem”.
CANDIDATO Único dos réus do mensalão candidato a prefeito nas eleições de outubro, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) mudou um pouco a postura sobre como abordar o escândalo durante a campanha municipal em Osasco. Ele reconhece que o episódio poderá ser usado por adversários. Antes, afirmava que o objetivo era mostrar que o escândalo foi uma farsa montada pelos adversários do partido. Agora, prefere adotar a tática de apenas responder sobre o assunto se for questionado. “O meu caso não está no centro do mensalão, é um capítulo à parte”, afirmou. No inquérito, João Paulo é apontado como responsável pelo recebimento de recursos das agências do publicitário Marcos Valério para pagar pesquisas de opinião pública. Na época, João Paulo almejava disputar o governo de São Paulo no pleito de 2006.
Já o ex-ministro José Dirceu, conhecido pela intensa movimentação nos bastidores para ajudar os candidatos do PT em diversas cidades do país, só pensará novamente em política após o veredito. Caso seja inocentado, pretende apresentar um pedido de anistia para recuperar os direitos políticos. Poderá também manter-se no setor de consultoria empresarial, atividade a que se dedicou após a cassação do mandato de deputado federal, em 2005.
NA ÁREA O secretário-geral do PR, deputado Valdemar Costa Neto (SP) – um dos três parlamentares que renunciaram em 2005 por causa do escândalo do mensalão –, não pretende alterar por completo sua agenda política durante o julgamento. “Acompanharei sem abandonar as demandas do partido neste ano eleitoral”, disse Valdemar, por intermédio de sua assessoria. Como secretário-geral do partido, ele alega que não pode deixar à deriva uma legenda que comanda 383 prefeituras em todo o país, a maior parte em Minas Gerais: 77. Em São Paulo, o PR apoiará a candidatura do tucano José Serra, adversário do candidato do PT, Fernando Haddad.