Codonho foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto em novembro de 2011, por crime contra a ordem tributária. Ele recorre da decisão em tribunais superiores. Na ação penal a que o empresário responde e que corre sob segredo de Justiça, a desembargadora Ramza Tartuce informa que Codonho foi condenado por crimes relatados pela Receita Federal. Segundo a desembargadora, o Fisco informou ter verificado, em auditoria feita na Dolly, a sonegação de impostos por meio da omissão de receitas. A Receita, então, encaminhou uma representação criminal contra Codonho e a empresa.
Esquema
Uma testemunha que relatou à Justiça o suposto esquema de sonegação foi o ex-funcionário Pedro Quintino de Paula, que trabalhou na Dolly entre 1995 e 2001. Em entrevista à reportagem Quintino afirmou que Codonho ordenava o pagamento de 20% dos tributos devidos.
“No ano 2000, eles chegavam a sonegar entre R$ 1,8 milhão e R$ 2 milhões por mês”, afirmou. “Desde o início pagávamos 20% do valor dos impostos que deveriam ser pagos. Nunca se recolheu 100%.”
Quintino disse que uma gráfica imprimia notas fiscais em duplicidade para a Dolly. “Repetia o mesmo número duas vezes, ou até três, quando precisava, para fazer um valor de 20% para o Fisco e de 100% do cliente.”
O ex-funcionário foi convidado por Russomanno para a audiência em que ele defendeu a Dolly. Segundo Quintino, a reunião foi um jogo de “cartas marcadas”. “A audiência toda foi comandada pelo Laerte Codonho.” Ele disse avaliar que o empresário e Russomanno tenham combinado o tom do encontro.
Procurado, o empresário não respondeu até esta edição ser concluída. Em 2004, na audiência, Codonho chamou Quintino de “bandido” e “estelionatário” e afirmou ter provas de que o ex-funcionário roubara a Dolly e de que ele fora infiltrado na empresa pela Coca-Cola, com quem travava uma disputa industrial.
"Questões pequenas"
O candidato do PRB, Celso Russomanno, disse considerar a indisponibilidade dos bens envolvendo sua empresa, a ND Comunicação, e o seu sócio Laerte Codonho “questões pequenas”. “A cidade de São Paulo e seus problemas são muito grandes para questões tão pequenas como essa. O que eu tinha para falar sobre isso já foi respondido. Para mim o assunto está encerrado”, disse em e-mail ao jornal O Estado de S.Paulo.
Em ato de campanha ontem, Russomanno foi indagado sobre a sociedade. O candidato atacou o jornal O Estado de S.Paulo: “Vocês falharam comigo. Eu acho que a imprensa tem que ter ética. E a ética começa quando você responde a uma pergunta e a resposta é colocada na íntegra, não só o que interessa ao jornalista. Aí faltou ética.”
Na sexta-feira, Russomanno disse que não tinha conhecimento sobre a decisão da Justiça que condenava o sócio a cinco anos de prisão em regime semiaberto: “Tomei conhecimento disso através deste questionamento. Fiz uma consulta e me foi informado que está em grau de recurso na Justiça. Só vou opinar quando terminar o processo.”