No início de julho, Márcio Thomaz Bastos combinou com familiares de Cachoeira que seus advogados o acompanhariam às audiências na Justiça, realizadas semana passada. Talvez a banca do ex-ministro ficasse por mais algum tempo com o caso, mas precipitou a decisão de Thomaz Bastos em deixar a defesa o impacto provocado pela nova denúncia, agora envolvendo Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, investigada pela Polícia Federal por chantagear juiz.
Alvo maior da Monte Carlo e da Saint Michel - missões da PF e da Polícia Civil que revelaram seu poderio no governo Marconi Perillo (PSDB-GO) e nos domínios do senador tucano cassado Demóstenes Torres -, Cachoeira acreditava que logo estaria na rua outra vez.
Não foi por falta de empenho do criminalista que Cachoeira não recuperou a liberdade. Foram muitas as incursões de Thomaz Bastos a todas as instâncias judiciais, em vão. Na sexta feira, 20, ele fez a derradeira ofensiva. Foi ao gabinete do ministro Ari Pargendler, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a ele entregou pedido para libertação do contraventor. Na segunda, porém, a solicitação foi rechaçada.
Amigos de Thomaz Bastos dizem que o incomodava o desgaste que a pendência provocava em sua biografia, construída em 53 anos de vida forense. O ex-ministro nunca confirmou, mas também jamais desmentiu, os R$ 15 milhões que lhe teriam sido oferecidos por Cachoeira.
Cifra tão elevada logo despertou a atenção de um procurador da República do Rio Grande do Sul, que pediu investigação por suposta prática de lavagem de dinheiro do contraventor. Ao que consta, porém, Cachoeira deu calote e nada pagou ao ex-ministro.
Críticas a Thomaz Bastos foram prontamente repreendidas pela Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo, que saiu em defesa do ex-ministro. "O advogado é como o padre, que abomina o pecado mas ama o pecador", declarou Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente licenciado da entidade.
O vendaval Cachoeira derrubou senador, tirou juiz federal do caminho e ameaça governador. Nesta terça, Márcio Thomaz Bastos anunciou formalmente sua saída. Não fez pronunciamentos, apenas disse a conhecidos que "a renúncia é desgaste natural da relação (com o cliente)".